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São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2003

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CAPITAIS GOIANAS

População incorpora nas suas receitas frutas como o pequi, cujos espinhos demandam degustação cuidadosa

Cerrado dá sabor peculiar à culinária local

DA ENVIADA ESPECIAL A GOIÁS

Aromático e amarelo, o pequi é um controverso ingrediente da culinária goiana. Não há meio-termo. Ama-se ou odeia-se.
Típico da região Centro-Oeste, o pequi tem gosto forte e exótico e está em receitas doces e salgadas, do licor ao arroz e à galinhada.
Mas atenção: nunca morda um pequi, pois o seu interior é repleto de minúsculos espinhos. Ao prová-lo, com os dentes, raspe delicadamente a sua superfície.
A variedade gastronômica em Goiás é grande. As opções vão do arroz com feijão feito no fogão à lenha aos pratos que levam os frutos típicos e exóticos da região.
Um deles é o empadão goiano, tipo de torta feita com carne de porco, linguiça, frango, queijo e guariroba (que parece um palmito amargo), assada em uma cumbuca e servida individualmente.
Outros pratos que podem ser saboreados na cidade são o feijão-tropeiro, o arroz Maria Isabel (arroz-de-carreteiro), o peixe na telha e a moqueca de peixe.

Doces caseiros
As sobremesas mais encontradas na cidade são os doces caseiros de frutas -principalmente as do cerrado-, os doces cristalizados, o bolo de arroz, o pastelinho (torta com doce de leite e uma pitada de canela) e o alfenim (doce feito com açúcar, água e limão, com formato de animais e flores).
Na praça do Coreto, no centro da cidade, um bar vende picolés e sorvetes de massa caseiros de sabores de frutas regionais, como murici e cajá, por R$ 0,50 o picolé ou a bola de sorvete.
Goiás Velho tem muitos restaurantes, a maioria de pequeno porte. Aconchegantes, eles mantêm a arquitetura das casas antigas.
No restaurante Braseiro, no largo do Chafariz, o ambiente é simples e a comida caseira, feita no fogão à lenha, farta. Uma refeição de R$ 8 por pessoa inclui arroz branco, feijão, arroz com pequi, dois tipos de salada, dois tipos de carne, mandioca frita, farofa, guariroba e quiabo. O suco de cajá custa R$ 1,50. Não há sobremesa.
Decorado com fitas, desenhos de festas populares e toalhas de chita, o Beco do Sertão, no centro, serve peixe na telha por R$ 25, para duas pessoas. Uma garrafa de vinho chileno custa R$ 22.
No Dalí Sabor & Arte, pode-se comer o empadão goiano (R$ 4,50), moqueca de peixe (R$ 13, para uma pessoa, mas bem servido) e o pastelinho (R$ 0,70).
Não deixe de provar o biscoito de queijo, servido no café da manhã da maioria das pousadas. É assado e lembra o pão de queijo, mas tem sabor diferente. Há quem ache o biscoito mais gostoso do que a receita mineira.

A culinária no patrimônio
Segundo Rodrigo Borges Santana, geógrafo e vereador da cidade de Goiás pelo PV (Partido Verde), no reconhecimento da cidade como Patrimônio Cultural da Humanidade, a Unesco levou em conta a interação entre a comunidade e o cerrado.
"Os frutos nativos do cerrado, como murici, cajá, mangaba, cagaita, buriti, pequi, entre outros, foram incorporados aos hábitos alimentares da cidade. Dos frutos são produzidos doces, sorvetes e licores." (ALESSANDRA KIANEK)

Restaurantes da cidade de Goiás - Braseiro: 0/xx/62/371-2892; Dalí Sabor & Arte: 0/xx/62/372-1640; Beco do Sertão: 0/xx/62/371-2459.


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