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PAZ NOS BÁLCÃS
Devastado na guerra de 91, o balneário de Dubrovnik foi reerguido em dez anos de obras de restauração
"Pérola do Adriático" emerge dos escombros
DO ENVIADO ESPECIAL À CROÁCIA
Os sinos da catedral de Dubrovnik interrompem o silêncio da
movimentada rua principal da cidade velha.
É meio-dia, e o sol da primeira
semana da primavera é uma boa
razão para os restaurantes começarem a lotar para o almoço.
Crianças sobem e descem correndo as escadarias, enquanto as
vendedoras das lojas de suvenires,
vazias, bocejam de tédio. É difícil,
quase impossível, imaginar que
um local tão pacato tenha sido
palco de um dos mais cruéis episódios da guerra que marcou o
colapso da ex-Iugoslávia.
Merecedora do apelido de "pérola do Adriático" e um dos maiores orgulhos dos croatas, Dubrovnik foi reduzida a escombros pela
artilharia das forças sérvias e
montenegrinas ao longo de três
meses de bombardeios em 1991.
A importância militar ou estratégica de casas, igrejas e monumentos medievais atingidos era
nula. Só mesmo a lógica de um
conflito movido por um nacionalismo étnico irracional para explicar por que o local, considerado
Patrimônio Histórico da Humanidade pela ONU, pôde ser visto
como um alvo legítimo.
Felizmente, dez anos de trabalhos de restauração foram capazes de reerguer Dubrovnik. A
geografia ajuda a manter viva a
memória do conflito: onde quer
que se esteja, pode-se avistar a colina de onde choviam bombas.
Mesmo assim, a vida normal foi
retomada pelos moradores.
Situada na extremidade sul da
Croácia, a parte antiga de Dubrovnik é cercada por muralhas e
torres de proteção. As igrejas, os
monastérios e a sinagoga que se
escondem por suas vielas e escadarias tornam a cidade uma espécie de Jerusalém entre as águas.
Explorando a cidade
Uma das maneiras mais interessantes de explorar Dubrovnik é
caminhando sobre suas muralhas. É possível dar a volta inteira
ao redor da Stari Grad (cidade velha) sobre elas, admirando tanto a
vista interna quanto o impressionante azul do mar que a cerca.
Outra boa opção é observá-la do
mar, o que pode ser feito com
uma viagem de "ferry" para a vizinha ilha de Lokrum.
Do porto de Dubrovnik é possível embarcar também para diversas ilhas da costa da Dalmácia ou
para a Itália.
Fundada no século 7º por refugiados romanos derrotados em
batalhas nos Bálcãs, Dubrovnik
pertenceu ao Império Bizantino.
Entre os séculos 14 e 19, se consolidou como uma cidade-Estado
portuária independente na região
do mar Mediterrâneo. Seus habitantes viviam da navegação, fazendo a ponte comercial entre o
Oriente e o Ocidente.
Sua extensa história e privilegiada localização proporciona ao
viajante boa variedade de museus
e templos para visitar.
Apesar do ar medieval e do aspecto antigo das construções
-todas feitas de tijolos com os
mesmos tons de bege-, a cidade
não parou no tempo.
A cada esquina virada, uma nova praça surge, com mais cafés e
restaurantes. No verão, os croatas
enfrentam as cerca de 12 horas de
ônibus a partir de Zagreb para se
juntar aos turistas alemães, italianos e espanhóis que lotam os bares e as discotecas da Stari Grad,
em festas de virar a noite.
Em julho e agosto, com o festival de verão, a agenda cultural de
Dubrovnik fica concorrida, com
concertos ao ar livre, apresentações de jazz ou rock e espetáculos
teatrais. Tudo regado a muito vinho da Dalmácia, presunto defumado e frutos do mar, especialidades da região.
Dubrovnik é hoje talvez o melhor exemplo da transformação à
qual a Croácia foi submetida após
quase dez anos de sua declaração
de independência. Reconstruída a
toque de caixa, a "pérola do
Adriático" deixou de ser um front
de batalha devastado e volta a ser
uma das paradas mais vibrantes
na região do Mediterrâneo.
(MARCELO STAROBINAS)
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