São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2000


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Modernidade de 1500 se mantém

EM PORTUGAL

O mundo viu poucas cidades como a Lisboa do início do século 16. O ambiente era colorido e multiétnico, como definiu o pesquisador francês Serge Gruzinski, em seu "1480-1520 - A Passagem do Século". A de hoje guarda os traços daquela modernidade, enquanto mostra sinais de originalidade para o século 21.
Há 500 anos, Lisboa era uma das cidades mais populosas da Europa -por volta de 1500, teria abrigado perto de 50 mil habitantes, dos quais vários milhares de escravos. Também foi uma das primeiras metrópoles comerciais.
Ouvia-se o som de várias línguas nessa cidade mestiça e aberta a artistas, especialmente flamengos, que marcaram presença com sua pintura e música. Nas tabernas, os marinheiros falavam de mares e terras distantes.
A expansão da indústria naval e o número de operários nas fundições e nos fornos de Lisboa impressionavam os estrangeiros, que assistiam à fabricação de âncoras, canhões e todas as peças fundamentais para os grandes navios que zarpavam para a África.
A rica Lisboa, graças ao ouro africano, exibia em seus cais depósitos de cobre, potássio e enxofre, além de especiarias como pimenta e de curiosidades trazidas de longe, como arcos e flechas da África, marfins talhados, animais exóticos e, mais tarde, "plumagens" do Brasil. Negociava-se tudo, especialmente trigo e tecidos de fora, por laranjas, vinho e uvas, além do açúcar português.
Com seus bairros judeus e mouros até 1496 (quando essas etnias foram expulsas), a cidade abrigava sinagogas, termas e mesquitas. A nobreza portuguesa recebia príncipes africanos, para os quais a Igreja Católica ensinava os preceitos cristãos e o latim, com o objetivo de fazê-los aliados na fé e intermediários a favor do Estado.
O interesse da expansão fomentava a busca pelo conhecimento. A cartografia e a navegação, chamada de "marinharia" ou sabedoria do mar, se desenvolviam aceleradamente. (JR)


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