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Modernidade de 1500 se mantém
EM PORTUGAL
O mundo viu poucas cidades
como a Lisboa do início do século
16. O ambiente era colorido e
multiétnico, como definiu o pesquisador francês Serge Gruzinski,
em seu "1480-1520 - A Passagem
do Século". A de hoje guarda os
traços daquela modernidade, enquanto mostra sinais de originalidade para o século 21.
Há 500 anos, Lisboa era uma
das cidades mais populosas da
Europa -por volta de 1500, teria
abrigado perto de 50 mil habitantes, dos quais vários milhares de
escravos. Também foi uma das
primeiras metrópoles comerciais.
Ouvia-se o som de várias línguas nessa cidade mestiça e aberta
a artistas, especialmente flamengos, que marcaram presença com
sua pintura e música. Nas tabernas, os marinheiros falavam de
mares e terras distantes.
A expansão da indústria naval e
o número de operários nas fundições e nos fornos de Lisboa impressionavam os estrangeiros,
que assistiam à fabricação de âncoras, canhões e todas as peças
fundamentais para os grandes navios que zarpavam para a África.
A rica Lisboa, graças ao ouro
africano, exibia em seus cais depósitos de cobre, potássio e enxofre, além de especiarias como pimenta e de curiosidades trazidas
de longe, como arcos e flechas da
África, marfins talhados, animais
exóticos e, mais tarde, "plumagens" do Brasil. Negociava-se tudo, especialmente trigo e tecidos
de fora, por laranjas, vinho e uvas,
além do açúcar português.
Com seus bairros judeus e mouros até 1496 (quando essas etnias
foram expulsas), a cidade abrigava sinagogas, termas e mesquitas.
A nobreza portuguesa recebia
príncipes africanos, para os quais
a Igreja Católica ensinava os preceitos cristãos e o latim, com o objetivo de fazê-los aliados na fé e
intermediários a favor do Estado.
O interesse da expansão fomentava a busca pelo conhecimento.
A cartografia e a navegação, chamada de "marinharia" ou sabedoria do mar, se desenvolviam
aceleradamente.
(JR)
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