São Paulo, Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2000


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10 ANOS SEM GUERRA CIVIL
História é resgatada na terra e no mar

especial para a Folha

A região da praça dos Mártires, em Beirute, continua um deserto aplainado, esperando as reconstruções.
Os arranha-céus esburacados dos hotéis sofisticados, como o Fenícia e o Holliday Inn, ainda esperam sua vez.
Em diversos outros distritos, até hoje terrenos estão cobertos de montanhas de escombros.
Especialmente na antiga Linha Verde -a demarcação entre o rico bairro cristão no leste e as partes mais pobres no oeste muçulmano, que existiu durante a guerra civil-, no meio de edifícios reconstruídos, destacam-se ruínas habitadas, como mostra a roupa estendida para secar.
Certas regiões no nordeste e no sul são consideradas inseguras e vedadas ao turista.
Sempre há o perigo de escaramuças entre xiitas e israelenses, na "zona de segurança", no sul -faixa de 15 quilômetros de largura que acompanha a fronteira entre o Líbano e Israel, cerca de 11% do território libanês.
No local, ocupado por Israel desde 1978, atua uma milícia libanesa de 2.000 soldados financiada, armada e treinada pelo governo israelense -o ESL (Exército do Sul do Líbano).
Israel criou a "zona" argumentando que precisa da região para proteger as suas cidades do norte contra ataques de inimigos islâmicos. E a prosperidade é uma quimera. Faltam os petrodólares do golfo Pérsico.
Os desempregados são oficialmente 18% - mas calcula-se que a cifra esteja perto dos 30%.
E há o problema dos estrangeiros: 30 mil soldados sírios, 100 mil trabalhadores itinerantes sírios sem visto e 300 mil palestinos que ainda vivem em campos de refugiados.
Israel quer paz nas suas fronteiras, e os sírios querem as colinas de Golã de volta.
O Líbano quer a paz sem intervenções estrangeiras e a repatriação do exército sírio e dos trabalhadores itinerantes e palestinos.

Arqueologia
No terreno desimpedido do centro de Beirute, 200 equipes de arqueólogos e estagiários examinaram mais de cem sítios em cerca de 5.000 m2, dos quais importantes restos arquitetônicos serão conservados e exibidos num "passeio arqueológico".
Até agora foram identificados, até seis metros abaixo do nível atual da rua, estratos neolíticos, canaanitas, persas, bizantinos e, entre outras, construções helenistas e romanas, as muralhas da cidade fenícia e a dos fatímidas do século 9º reutilizadas pelos cruzados. A cidade -a antiga Beritos- foi destruída inúmeras vezes, inclusive por terremotos.
Há muitas reclamações dos especialistas: que o tempo reservado para as escavações não era suficiente, que não se conservou tudo que foi encontrado -da muralha fenícia, por exemplo, serão expostos só alguns trechos-, que mosaicos bizantinos não foram conservados no sítio, mas levados ao museu etc.
Entretanto, o alto valor dos terrenos e o custo de tempo impuseram seus compromissos.
(FRED MADERSBACHER)

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