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2 X TEXAS
Mistura de parque temático científico com museu das aventuras orbitais humanas, centro em Houston foi aberto a visitas em 1992; tour da Nasa é concorrido
No Space Center, o céu não serve de limite para viagem
DO ENVIADO ESPECIAL A HOUSTON
Levante a mão quem já sonhou
em ser astronauta! Se você está
com a mão erguida, em Houston
há um dos passeios da sua vida: o
Johnson Space Center, o setor da
Nasa (agência espacial americana) no qual os astronautas recebem treinamento e de onde são
monitorados todos os vôos espaciais dos Estados Unidos.
O Johnson Space Center (www.jsc.nasa.gov) foi aberto para turistas em 1992. Para que isso fosse
possível, foi construído um centro
de visitantes de 17 mil metros
quadrados projetado pela Walt
Disney Imagineering ao custo de
US$ 70 milhões. Deu certo. O lugar é a Disneylândia das viagens
espaciais, uma mistura de parque
temático científico com museu de
aventuras orbitais humanas.
Reserve um dia inteiro para ele,
sem medo de ficar entediado. O
Johnson Space Center fica a 40
km do centro de Houston. O modo mais cômodo de chegar lá é
contratando uma excursão. Por
US$ 50 (R$ 129), já incluído o ingresso (US$ 17,95, R$ 46), uma
van passará para lhe pegar. A outra opção é alugar um carro (cerca
de US$ 39, R$ 100, a diária) e dirigir até lá, já que não há ônibus público que sirva a atração.
Cruzam-se os subúrbios pelas
"freeways", onde jazem casas parecidas, nas quais supostamente
moram pessoas com empregos
comuns. Nem todas. Para algumas, nem o céu é o limite. Elas trabalham na Nasa. Adiante, surge
ao longe um amontoado de prédios com arquitetura funcional.
Atrás daquelas paredes acontecem coisas surpreendentes.
Por trás das paredes
Ao comprar o ingresso, ganha-se um mapa em que constam os
horários das atrações. Nem pense
em começar com outra coisa que
não o passeio de "trenzinho".
Deixa-se o centro de visitantes.
Tendo ao fundo uma musiquinha
épica, ouve-se o depoimento de
ex-astronautas sobre a razão de a
humanidade buscar conquistar a
imensidão sideral. Pode parecer
piegas, mas no contexto funciona.
A impressão é reforçada quando o diretor de vôo aposentado e
ex-comandante do Johnson Space Center Gene Kranz explica em
uma gravação que, até hoje, ali foram treinados 320 astronautas.
Então se dá conta: ali é a Nasa
mesmo! Atrás daquelas paredes
todos trabalham para levar gente
ao espaço.
"São 87 degraus", avisa a monitora. Sobe-se a escada para o histórico centro de controle de missões. Chega-se à sala onde foram
ouvidas as primeiras palavras do
homem na Lua e a clássica frase
de Jim Lovell, comandante da
Apollo 13, quando esta ficou à deriva no espaço: "Houston, we have a problem" (Houston, nós temos um problema).
Os equipamentos estão como
eram no começo dos anos 1990,
quando foram deixados de ser
usados por estarem ultrapassados. A segunda parada é no hangar X, depósito para naves que
por algum motivo não passaram
nos testes de vôo.
Depois, o visitante segue para as
instalações nas quais são treinados os astronautas. Há uma versão de um ônibus espacial e outra
de parte da Estação Espacial Internacional para que sejam feitos
os exercícios. Tudo separado por
vidros. Há até uma bandeirinha
brasileira em alguns lugares. Com
certeza, ali foi treinado Marcos
Pontes, o primeiro astronauta
brasileiro, que mora em Houston
(leia entrevista ao lado).
Na quarta parada, os visitantes
contemplam várias árvores, algumas maiores do que as outras. É
um memorial. Cada árvore representa um astronauta morto nos
acidentes com ônibus espaciais, o
Challenger, em 1986, e o Columbia, que em 2003 se desintegrou
ao reentrar na atmosfera, matando sete astronautas.
A última parada é opcional.
Trata-se do Rocket Park, onde estão réplicas de foguetes testados
no começo dos anos 1960, quando
ainda não existia o Kennedy Space Center, na Flórida, de onde são
feitos hoje os lançamentos.
Galeria
Na Disneylândia das viagens espaciais, o destaque é a galeria de
naves espaciais. Lá se pode entrar
em uma Apollo e ver um módulo
lunar igualzinho ao que desceu na
Lua. Também se pode tocar uma
pedra lunar (o Johnson Space
Center é o maior depósito de pedras lunares do mundo).
Dois dos programas são filmes,
um deles no estilo 4-D, que promete a mesma sensação experimentada pelos astronautas quando os foguetes são lançados.
Além desses programas, o local
conta com exposições permanentes de roupas de astronautas e de
flâmulas de missões. Há ainda simuladores de vôo, cujos ingressos
são comprados à parte.
Comida de astronauta
Compre pelo menos uma lembrança: comida de astronauta, do
tipo que os homens do espaço comiam nos primórdios. Um sorvete de menta com chocolate, que,
claro, não precisa de refrigeração,
sai por US$ 4,50 (R$ 12). E o gosto
não é bom. De qualquer forma,
para quem o come do espaço, a
vista deve compensar.
É hora de ir embora. Entra-se
no carro ainda com a cabeça na
Lua. Sonhando um pouquinho,
dá para se imaginar em um foguete. Tome apenas cuidado para
não fazer barulho de foguete sendo lançado. Quem estiver ao seu
lado pode estranhar.
(LUÍS SOUZA)
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