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NA MONTANHA
Erudito, jazz e MPB convivem a partir do dia 7
Contraditório, festival de julho reúne democracia e elitismo
DO ENVIADO ESPECIAL
Quando soar seu primeiro
acorde no auditório Cláudio Santoro, no próximo dia 7, o Festival
de Inverno de Campos do Jordão
confirmará o seu caráter duplamente "democrático".
De um lado, o evento reúne desde consagradas orquestras sinfônicas, como a estadual, a de Tatuí,
a de Campinas etc., até os novatos
frequentadores das oficinas musicais paralelas.
Além disso, a conciliação do popular com o erudito fica por conta
dos ritmos latinos, do jazz e da
MPB, presenças constantes nos
últimos anos do evento.
O festival surgiu no ano de 1970,
como parte das celebrações pela
abertura do Palácio Boa Vista
-residência oficial de veraneio
do governo estadual- à visitação
do público.
Inspiração
Segundo o maestro Walter Lourenção, 62, uma das maiores inspirações do evento foi o Festival
de Salzburgo, na Áustria, criado
nos anos 20 pelo diretor austríaco
Max Reinhardt (1873-1943).
Lourenção, aliás, tem uma trajetória indissociável do festival de
Campos, quer como regente
-desde a primeira edição-, como professor nas oficinas ou como apresentador de um programa musical pela TV Cultura.
O maestro, que hoje não tem
mais ligação direta com o evento,
elogia-o sobretudo por ser uma
"vitrina" para orquestras, solistas
e regências, ligados à música antiga e moderna.
Efeito multiplicador
Lourenção também aponta o
"efeito multiplicador" do festival
de Campos do Jordão, que é matriz de eventos similares realizados em cidades como Tatuí (SP) e
Fortaleza (CE).
Reparos, o maestro só os faz à
localização dos espetáculos: o auditório Cláudio Santoro, afastado
da cidade e não servido por transporte público, torna-se, segundo
ele, "muito inacessível" ao grosso
da população local.
Esse sinal de "exclusão cultural"
-que não é incomum em Campos do Jordão- talvez represente
o lado negativo de um certo "elitismo" que, como o próprio
maestro Lourenção admite, faz da
cidade o cenário ideal para eventos de tamanho e esplendor "europeus".
(CAIO CARAMICO SOARES)
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