São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NA MONTANHA

Erudito, jazz e MPB convivem a partir do dia 7

Contraditório, festival de julho reúne democracia e elitismo

DO ENVIADO ESPECIAL

Quando soar seu primeiro acorde no auditório Cláudio Santoro, no próximo dia 7, o Festival de Inverno de Campos do Jordão confirmará o seu caráter duplamente "democrático".
De um lado, o evento reúne desde consagradas orquestras sinfônicas, como a estadual, a de Tatuí, a de Campinas etc., até os novatos frequentadores das oficinas musicais paralelas.
Além disso, a conciliação do popular com o erudito fica por conta dos ritmos latinos, do jazz e da MPB, presenças constantes nos últimos anos do evento.
O festival surgiu no ano de 1970, como parte das celebrações pela abertura do Palácio Boa Vista -residência oficial de veraneio do governo estadual- à visitação do público.

Inspiração
Segundo o maestro Walter Lourenção, 62, uma das maiores inspirações do evento foi o Festival de Salzburgo, na Áustria, criado nos anos 20 pelo diretor austríaco Max Reinhardt (1873-1943).
Lourenção, aliás, tem uma trajetória indissociável do festival de Campos, quer como regente -desde a primeira edição-, como professor nas oficinas ou como apresentador de um programa musical pela TV Cultura.
O maestro, que hoje não tem mais ligação direta com o evento, elogia-o sobretudo por ser uma "vitrina" para orquestras, solistas e regências, ligados à música antiga e moderna.

Efeito multiplicador
Lourenção também aponta o "efeito multiplicador" do festival de Campos do Jordão, que é matriz de eventos similares realizados em cidades como Tatuí (SP) e Fortaleza (CE).
Reparos, o maestro só os faz à localização dos espetáculos: o auditório Cláudio Santoro, afastado da cidade e não servido por transporte público, torna-se, segundo ele, "muito inacessível" ao grosso da população local.
Esse sinal de "exclusão cultural" -que não é incomum em Campos do Jordão- talvez represente o lado negativo de um certo "elitismo" que, como o próprio maestro Lourenção admite, faz da cidade o cenário ideal para eventos de tamanho e esplendor "europeus". (CAIO CARAMICO SOARES)


Texto Anterior: Museu funde o bronze com a natureza
Próximo Texto: Sanatorinho foi palco de Nelson Rodrigues
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.