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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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Taiwan investe e cria atrações turísticas

DO ENVIADO ESPECIAL

Antes onipresente, a imagem de Chiang Kai-shek está cedendo lugar à de Sun Yat-sen enquanto Taiwan trata, na verdade, de forjar uma identidade contemporânea, hoje também ancorada na figura do presidente Chen Shui-bian, eleito pelo Partido Democrático Progressista (DDP), adversário dos nacionalistas (KMT).
O resultado é que Taiwan, de reduzida extensão territorial, se opõe e se aproxima tanto quanto o possível da China continental, uma potência mundial, e esse movimento passa, no plano político, por ciclos de idas e vindas.
Em Taiwan, o ar também esteve pesado por conta da Sars (veja texto à pág. F2), mas, com o fim da epidemia, esse país, onde vivem 23 milhões de pessoas, agora se empenha em resgatar seu plano de atrair 5 milhões de turistas estrangeiros anualmente até 2008.
No ano passado, o país -que a República Popular da China, comunista, considera uma Província rebelde- recebeu 3 milhões de visitantes estrangeiros: 38% do Japão, 16% de Hong Kong e 12% dos EUA.
Com 36 mil quilômetros quadrados, clima subtropical e cortado pelo trópico de Câncer, Taiwan é relativamente isolado por conta da distância, sendo necessárias ao menos 30 horas de vôo para ir do Brasil até lá.
Por isso, no aspecto turístico, sua vocação primeira parece ser a de atrair homens de negócios que, na sequência, fazem passeios, atraídos por uma cultura chinesa tão autêntica quanto agiornada, que permeia visitas e comidas.
Mas há também as compras e a face contemporânea de Taipé e de Taichung, uma cidade de prédios arrojados, repleta de jardins, a 138 km da capital.
Taiwan está disposta a preservar os ambientes naturais da ilha de Formosa, que é vulcânica, tem florestas em 56% de sua extensão territorial, picos e cachoeiras pouco explorados pelo turismo.
Mas, por enquanto, o que tem logrado êxito é o esforço do país em criar atrações turísticas, caso da rua dos Ceramistas de Yngko e da Taiwan Folk Village (leia textos na pág. F8).

"Flash back"
Nos anos 80, preservar a tradição cultural e desenvolver indústrias de ponta foram os desafios de Taiwan, quando o país se notabilizou por mostrar altas taxas de crescimento, entrando para o círculo de países que, no sudeste asiático, foram apelidados "tigres do Oriente".
Três cidades cresceram à luz desse período de pujança econômica: a capital Taipé, metrópole de 2,5 milhões de habitantes onde circulam 4 milhões de pessoas/dia; a cidade portuária de Kaoshiung, a 460 km de Taipé, sede da siderúrgica China Steel; e, Taichung, o terceiro grande núcleo urbano do país, com 1 milhão de habitantes.
Na década de 90, o mundo mudou, a própria China continental também mudou, e Taiwan conseguiu mais do que havia planejado: desenvolveu uma cultura contemporânea que produziu filmes de arte que ganharam Ursos e Palmas de Ouro em festivais de cinema europeus.
Uma indústria editorial também está crescendo, e Taiwan trata de fazer crescer a sua feira internacional do livro.
Não que tudo tenha sido um mar de rosas no estreito de Taiwan, de 160 km, que separa a ilha de Formosa da Província chinesa de Fukien.
Hoje no país o crescimento ainda é notável, mas, crescendo menos, com algum desemprego, a economia não ostenta mais os índices que tinha no período em que a ilha era chamada de "tigre asiático".
No ano passado, depois de muita luta, Taiwan ingressou na Organização Mundial de Comércio (OMC), rompendo um pouco do seu isolamento diplomático.
No horizonte das preocupações, o país também sonha em habilitar, junto à Unesco, locais que possam ser declarados Patrimônios da Humanidade, contratando especialistas japoneses e australianos que avaliam 11 locais -entre esses estão o desfiladeiro de Taroko, com suas curiosas formações geológicas e as ilhas das Orquídeas e Pescadores.
Discursos à parte, no plano real, China continental e Taiwan estão bem mais próximos do que no político e, na prática, mantêm relações comerciais substantivas. (SC)

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