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Taiwan investe e cria atrações turísticas
DO ENVIADO ESPECIAL
Antes onipresente, a imagem
de Chiang Kai-shek está cedendo lugar à de Sun Yat-sen enquanto Taiwan trata, na verdade, de forjar uma identidade
contemporânea, hoje também
ancorada na figura do presidente Chen Shui-bian, eleito
pelo Partido Democrático Progressista (DDP), adversário
dos nacionalistas (KMT).
O resultado é que Taiwan, de
reduzida extensão territorial, se
opõe e se aproxima tanto quanto o possível da China continental, uma potência mundial,
e esse movimento passa, no
plano político, por ciclos de
idas e vindas.
Em Taiwan, o ar também esteve pesado por conta da Sars
(veja texto à pág. F2), mas, com
o fim da epidemia, esse país,
onde vivem 23 milhões de pessoas, agora se empenha em resgatar seu plano de atrair 5 milhões de turistas estrangeiros
anualmente até 2008.
No ano passado, o país -que
a República Popular da China,
comunista, considera uma
Província rebelde- recebeu 3
milhões de visitantes estrangeiros: 38% do Japão, 16% de
Hong Kong e 12% dos EUA.
Com 36 mil quilômetros quadrados, clima subtropical e
cortado pelo trópico de Câncer,
Taiwan é relativamente isolado
por conta da distância, sendo
necessárias ao menos 30 horas
de vôo para ir do Brasil até lá.
Por isso, no aspecto turístico,
sua vocação primeira parece
ser a de atrair homens de negócios que, na sequência, fazem
passeios, atraídos por uma cultura chinesa tão autêntica
quanto agiornada, que permeia
visitas e comidas.
Mas há também as compras e
a face contemporânea de Taipé
e de Taichung, uma cidade de
prédios arrojados, repleta de
jardins, a 138 km da capital.
Taiwan está disposta a preservar os ambientes naturais da
ilha de Formosa, que é vulcânica, tem florestas em 56% de sua
extensão territorial, picos e cachoeiras pouco explorados pelo turismo.
Mas, por enquanto, o que
tem logrado êxito é o esforço
do país em criar atrações turísticas, caso da rua dos Ceramistas de Yngko e da Taiwan Folk
Village (leia textos na pág. F8).
"Flash back"
Nos anos 80, preservar a tradição cultural e desenvolver indústrias de ponta foram os desafios de Taiwan, quando o
país se notabilizou por mostrar
altas taxas de crescimento, entrando para o círculo de países
que, no sudeste asiático, foram
apelidados "tigres do Oriente".
Três cidades cresceram à luz
desse período de pujança econômica: a capital Taipé, metrópole de 2,5 milhões de habitantes onde circulam 4 milhões de
pessoas/dia; a cidade portuária
de Kaoshiung, a 460 km de Taipé, sede da siderúrgica China
Steel; e, Taichung, o terceiro
grande núcleo urbano do país,
com 1 milhão de habitantes.
Na década de 90, o mundo
mudou, a própria China continental também mudou, e Taiwan conseguiu mais do que havia planejado: desenvolveu
uma cultura contemporânea
que produziu filmes de arte que
ganharam Ursos e Palmas de
Ouro em festivais de cinema
europeus.
Uma indústria editorial também está crescendo, e Taiwan
trata de fazer crescer a sua feira
internacional do livro.
Não que tudo tenha sido um
mar de rosas no estreito de Taiwan, de 160 km, que separa a
ilha de Formosa da Província
chinesa de Fukien.
Hoje no país o crescimento
ainda é notável, mas, crescendo
menos, com algum desemprego, a economia não ostenta
mais os índices que tinha no
período em que a ilha era chamada de "tigre asiático".
No ano passado, depois de
muita luta, Taiwan ingressou
na Organização Mundial de
Comércio (OMC), rompendo
um pouco do seu isolamento
diplomático.
No horizonte das preocupações, o país também sonha em
habilitar, junto à Unesco, locais
que possam ser declarados Patrimônios da Humanidade,
contratando especialistas japoneses e australianos que avaliam 11 locais -entre esses estão o desfiladeiro de Taroko,
com suas curiosas formações
geológicas e as ilhas das Orquídeas e Pescadores.
Discursos à parte, no plano
real, China continental e Taiwan estão bem mais próximos
do que no político e, na prática,
mantêm relações comerciais
substantivas.
(SC)
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