São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Artista plástica mexicana transforma quarto em espaço alternativo de arte

Atraída pela despretensão do Bronx, Amezkua, há cinco anos na região, traça roteiro de passeios

DA REPORTAGEM LOCAL

Não só de visitas a museus e galerias vivem os turistas que visitam Nova York à procura de arte. Uma passadinha na casa da artista plástica mexicana Blanka Amezkua (www.blankaamezkua.com), para quem estiver nos arredores do Bronx, cai bem.
Há cinco anos na cidade, Amezkua segue uma herança de artistas dos anos 60 e 70, que consiste em abrir a casa para exposições de outros artistas. No Blue Bedroom (www.bronxbbp.com), ela abre seu quarto e convida visitantes a observarem a influência sofrida pelas obras quando expostas nesse espaço tão alternativo. (HELOISA LUPINACCI)

 

FOLHA - Há quanto tempo você mora no Bronx?
BLANKA AMEZKUA -
Há três anos.

FOLHA - Por que você mora aí?
AMEZKUA -
Eu arrumei um emprego como professora de arte em Hunts Point e estava procurando um lugar para morar. Não queria ir a Williamsburg ou Bushwick, que estão na moda entre artistas e são caros. Além disso, queria morar em um lugar que tivesse uma comunidade tangível. O Bronx não é pretensioso. O lugar em que vivo, Mott Haven, é uma seção pobre, da classe trabalhadora, e é mais barato do que outras partes de Nova York.

FOLHA - Quais são as peculiaridades da área em que você vive?
AMEZKUA -
Mott Haven é a porta sul do Bronx. A população é basicamente afro-americana, porto-riquenha e mexicana. Há também russos e albaneses, pessoas do sudeste asiático e da América Latina. Meus vizinhos são jamaicanos, porto-riquenhos e afro-americanos. Eu moro em um local histórico, a avenida Alexander, que era conhecida como "fileira dos doutores" e "5ª avenida irlandesa" na virada no século passado, quando os filhos dos metalúrgicos prosperaram.
Muitos edifícios ao redor do prédio em que moro estão sendo restaurados. Seguindo para o norte na Alexander, há prédios de tijolo e a rua está sempre cheia de gente. Moro perto da biblioteca pública de Mott Have e sempre ouço as pessoas subindo e descendo a rua. Elas cantam, conversam, discutem e riem enquanto vão para o trabalho e voltam para casa. É uma avenida muito melódica.

FOLHA - Como você criou o projeto Blue Bedroom?
AMEZKUA -
Eu perdi um sobrinho de nove anos em um acidente de carro e passei um tempo com a minha família na Califórnia. Voltei com uma sensação de urgência. Foi quando pensei em fazer do meu quarto uma galeria de arte. O projeto foi alimentado pela herança de artistas dos anos 1960 e 1970 que abriram casas e ateliês para a exposição de obras de outras pessoas. Eu fiquei entusiasmada para ver como os artistas iam ocupar o meu quarto, como os visitantes iam se sentir, como essa experiência afetaria a mim e as pessoas. O projeto não é uma galeria, mas um espaço alternativo de arte. Eu não sou uma galerista, mas uma artista que que quer dividir a experiência criativa com outros artistas em meu quarto.

FOLHA - Para onde você levaria um turista no Bronx?
AMEZKUA -
O levaria para caminhar pelo bulevar Bruckner e para ver a galeria Haven, o novo espaço do Bronx Museum. Depois, tomaríamos cerveja em algum bar do bulevar Bruckner. Voltaríamos à avenida Alexander, para visitar a biblioteca e o projeto Blue Bedroom. Depois, levaria o meu hóspede para o "HUB", uma área onde quatro vias se encontram: a rua East 149th e as avenidas Willis, Melrose e 3rd. Seguiríamos para o oeste na East 149th para fazer um lanche no Cuchifritos, de comida caribenha, e iríamos até o Grand Concourse, o principal bulevar do Bronx. Faríamos uma parada na galeria de arte Longwood. Mas isso só cobriria a parte sul. Há tanto mais para ver por aqui, Wave Hill, o estádio dos Yankees, o Bronx Museum, o teatro Paradise, a av. Arthur, o rio Bronx...

FOLHA - Você diria a uma pessoa que viaja para Nova York pela primeira vez que visitasse a região?
AMEZKUA -
Se ela for ficar mais de uma semana, sim! Definitivamente! Mas, menos que isso, é difícil para qualquer um sair de Manhattan, porque ali estão coisas tão importantes.


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