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OÁSIS DE CONCRETO
Comércio internacional e de produtos típicos transforma metrópole em centro comercial da região
Mesquitas e ouro puro cintilam em Dubai
do enviado especial aos
Emirados Árabes Unidos
No local onde há pouco mais de
três décadas só havia algumas poucas casas e um punhado de tendas
beduínas, pulsa hoje uma das mais
modernas cidades do mundo. Dubai é considerada a Hong Kong do
Oriente Médio e a comparação não
é em nada exagerada.
A metrópole é o principal centro
comercial da região e tem a mesma
mistura que fascina em Hong
Kong: o antigo e o moderno em
uma convivência impressionantemente pacífica.
Tudo acontece ao redor de um
braço de mar que avança terra
adentro por dez quilômetros e separa a cidade em duas.
Às margens desse "riozão" de
água salgada, há largas e movimentadas avenidas, arranha-céus
ultramodernos e também sofisticados shopping centers (a cidade
tem mais de 20).
Mas quem quiser algo com mais
"cor local" também vai encontrar
belas mesquitas e curiosos mercados onde se aglomeram lojinhas de
produtos como temperos, essências perfumadas, roupas, artesanato em latão e ouro, muito ouro.
Na água, barquinhos típicos
(chamados de "abras") levam passageiros do lado sul da cidade (Bur
Dubai) para a porção a norte do
braço do mar, Deira.
As tradições e a história da cidade podem ser conhecidas com
maior profundidade com uma visita ao museu de Dubai, que, apesar de montado dentro de um antigo forte no centro da cidade, é dotado de recursos multimídia de última geração.
Mas não é essa herança cultural o
que mais atrai os turistas que vão a
Dubai. A cada ano, cerca de 1,5 milhão de estrangeiros passam pela
cidade -número equivalente a
metade do total de turistas que o
Brasil recebe do exterior anualmente. A maior parte desses visitantes está mesmo é interessada
em fazer compras.
²
Comércio
Dubai, o segundo maior Emirado da nação, já está com suas reservas de petróleo praticamente esgotadas, mas isso não comprometeu
sua prosperidade.
A cidade tem uma fortíssima vocação para o comércio. Nos séculos 18 e 19, era um conhecido entreposto de produtos como tâmaras e
peixes. O porto ficava numa posição estratégica, bem no meio do
caminho entre a África, a Índia e a
Pérsia.
No início do século 20, tornou-se
um dos principais centros de comércio de pérolas, ao lado de Bahrein. Tudo ia muito bem até que os
japoneses começaram a fazer pérolas sintéticas.
A cidade sobreviveu graças ao
seu forte comércio e à visão do xeque local, que, desde o início do século, isentou de taxas os comerciantes que traziam mercadorias
de outros países.
Depois, para melhorar a situação, veio o ciclo do petróleo, a partir de meados dos anos 60. Foi nessa época que o governo passou a
investir numa boa infra-estrutura
de telecomunicações, portos, aeroportos e estradas.
A partir daí, começaram a se
multiplicar em Dubai as lojas e os
shopping centers que vendem artigos de todas as partes do mundo
-tudo com preços muito atraentes por causa dos baixos impostos
cobrados e da zona franca do porto
de Jebel Ali, a poucos quilômetros
da cidade.
²
Babel do consumo
Iranianos, paquistaneses, sauditas, iraquianos, africanos e gente
de várias das ex-repúblicas soviéticas têm em Dubai o seu maior fornecedor de bens de todo tipo.
Em Dubai os empresários desse
mercado que congrega fantásticos
2 bilhões de consumidores compram de tudo, de carros de luxo
europeus a frangos brasileiros.
No final dos anos 80, o governo
passou a "vender" a cidade não só
como uma destinação para homens de negócio, mas também como uma capital do turismo de lazer, entretenimento e compras.
Para manter em alta a ocupação
de seus mais de 250 hotéis e 100
flats, são feitas grandes promoções
como o Dubai Summer Festival.
Durante o verão, quando a atividade econômica do país reduz seu
ritmo, os hotéis e as lojas baixam
seus preços para estimular o turismo interno e atrair gente dos países vizinhos.
A vida noturna da cidade é outra
das principais atrações de Dubai.
Lá vivem pessoas de mais de 200
nacionalidades, e há várias opções
de restaurantes com especialidades tailandesas, japonesas, africanas, indianas e polinésias, além de
árabes.
Essa "globalização" se verifica
também nas danceterias e casas
noturnas, com filiais de redes como Hard Rock Café e Planet Hollywood, além de bares temáticos de
esporte, música regional e até mesmo country.
Para distrair as crianças do país
-60% da população de Dubai tem
menos de 16 anos- e do exterior,
está sendo construído um parque
temático da Disney, o Dubai's Little Disney, que deve ser inaugurado daqui a quatro anos.
Segundo Abdul Rahim Mohammed Abdulla, diretor do Departamento de Turismo de Dubai, a cidade já é uma das principais destinações de turistas europeus no
Oriente, principalmente para alemães e suíços.
Para incrementar ainda mais as
atrações turísticas da região, Abdulla revela que há ainda outros
dois grandes empreendimentos
em obras: um suntuoso resort, o
Maho Park, está sendo construído
no meio do deserto, e uma grande
marina, a Emmar Marina, com
mais shopping centers e hotéis, deverá ser inaugurada em meados da
próxima década.
"Nosso povo é composto por beduínos do deserto e é esse modo de
vida, a possibilidade de vivenciar
essas experiências, que queremos
oferecer àqueles que nos visitam",
diz Abdulla.
(FRANCISCO MARTINS DA COSTA)
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