São Paulo, segunda, 19 de outubro de 1998

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País corta cabeças e enriquece

CARLA ARANHA
da Reportagem Local

A pena de morte por crucificação é aplicada desde 1985. Partidos políticos, não há. O xeque Zayed bin Sultan Annahyan ocupa o posto de chefe de Estado há 27 anos, desde 1971, quando o país foi criado. O chefe de governo, o xeque Maktoum bin Rashid al Maktoum, "herdou" o cargo: ele sucedeu seu pai, morto em 1990.
Se, por um lado a balança política dos Emirados Árabes Unidos parece pender pouco para a democracia, por outro o país desfruta de uma posição pacífica invejável no turbulento Oriente Médio.
A nação assume uma postura neutra nas disputas travadas na região. Também é complacente no quesito religião -de maioria islâmica (96% da população), não obriga as mulheres a usar véus e permite que elas dirijam, contrariando uma prática da maioria dos países muçulmanos. Além disso, bebidas alcoólicas podem ser consumidas nos hotéis e existe uma liberdade de culto.
Tolerância à parte, os Emirados Árabes constituem uma nação fortemente armada. O país é cliente fiel das indústrias de armamentos dos Estados Unidos e da França desde a guerra entre o Irã e o Iraque (1980-1988). Chega a investir nada menos que 60% de seu orçamento anual na compra de armas.
Graças à riqueza proporcionada pelas reservas de petróleo e de gás natural, os Emirados Árabes conseguem dirigir outro quinhão considerável de seus ganhos para a educação e a saúde, que ficam a cargo do Estado.
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História Os sete Emirados Árabes (Abu Dhabi, Dubai, Charjah, Fujairah, Ajman, Umm al Qaiuain e Ras al Khaimah) uniram-se em 1971 para governar juntos o território correspondente à antiga costa dos Piratas, à beira do golfo Pérsico, que havia sido dominada pelos portugueses no século 16.
No início do século 19, quando a Inglaterra lançou uma ofensiva mundial para acabar com a pirataria e o tráfico de escravos, atacou o Emirado de Ras al Khaimah.
Essa política, criada para garantir a existência de um mercado consumidor dos produtos ingleses, atingiu seu ápice na região quando, em 1892, o Império Britânico assumiu o controle dos Emirados locais.
A situação perdurou até 1971. Naquele ano, os xeques dos Emirados decidiram unir forças para recuperar a autonomia do território e finalmente formaram uma nação autônoma.



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