São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2001

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Barcelona é uma boa enciclopédia

DO ENVIADO ESPECIAL

Barcelona é mais ou menos como uma boa enciclopédia: pouco importa a página em que se abra, temos sempre diante dos olhos um belo verbete.
Exemplos: os museus Picasso e Miró, a catedral Sagrada Família, as ramblas e o bairro Gótico.
Vejamos o museu Picasso, construído por meio da junção de três palácios da rua Montcada, que datam de mais ou menos 1300. Pablo Ruiz Picasso (1881-1973) mudou-se para Barcelona aos 14 anos. Desenhava compulsivamente e já era um belo figurativista, base sem a qual não teria se tornado o mais conhecido personagem das sucessivas vanguardas do modernismo.
O charme do museu, e ele é nisso imbatível, está na demonstração dessa precocidade original, em que a busca pela modernidade contornou o caminho fácil e rebatido do impressionismo francês para desembocar na distorção sistemática das cores (a fase azul), antes de, já agregado à vanguarda de Paris, tornar-se um dos líderes da corrente cubista.
O catalão Juan Miró (1893-1983) é um personagem raro na história das artes plásticas. Criou uma linguagem de formas e símbolos e foi coerente com ela por quase toda sua vida. Seus quadros, tapeçarias e esculturas estão na fundação que leva o seu nome.
Outro catalão, o arquiteto Antonio Gaudí, morreu em 1926 enquanto levantava as primeiras torres da Sagrada Família, obra de uma catedral que provavelmente levará mais 40 ou 50 anos para ser concluída. É algo delirante, imprevisível como um castelo de areia, ligeiramente filiado ao movimento art nouveau, com formas e curvas bizarras em suas três fachadas e sua cúpula alta de 170 m.
A arquitetura de Gaudí está presente em outros prédios de Barcelona e também no parque Güell, que ele idealizou com bancos curvos em cacos de cerâmica.
Uma rambla é fácil de explicar: em São Paulo não existiria porque algum prefeito precisaria do espaço para a passagem de automóveis. São canteiros centrais de avenidas em que bares e restaurantes instalam mesas, livreiros e artesãos vendem estoques e, sobretudo, onde os catalães vivem sua sociabilidade ao ar livre.
Há por fim o bairro Gótico, assim denominado porque grande parte de seus prédios data do período medieval. Não perca a catedral e os vestígios da muralha do período romano, a Torre del Rei Marti, o Saló del Tinnell ou a praça São Felipe Neri. (JBN)



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