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Barcelona é uma boa enciclopédia
DO ENVIADO ESPECIAL
Barcelona é mais ou menos como uma boa enciclopédia: pouco
importa a página em que se abra,
temos sempre diante dos olhos
um belo verbete.
Exemplos: os museus Picasso e
Miró, a catedral Sagrada Família,
as ramblas e o bairro Gótico.
Vejamos o museu Picasso,
construído por meio da junção de
três palácios da rua Montcada,
que datam de mais ou menos
1300. Pablo Ruiz Picasso (1881-1973) mudou-se para Barcelona
aos 14 anos. Desenhava compulsivamente e já era um belo figurativista, base sem a qual não teria se
tornado o mais conhecido personagem das sucessivas vanguardas
do modernismo.
O charme do museu, e ele é nisso imbatível, está na demonstração dessa precocidade original,
em que a busca pela modernidade
contornou o caminho fácil e rebatido do impressionismo francês
para desembocar na distorção sistemática das cores (a fase azul),
antes de, já agregado à vanguarda
de Paris, tornar-se um dos líderes
da corrente cubista.
O catalão Juan Miró (1893-1983)
é um personagem raro na história
das artes plásticas. Criou uma linguagem de formas e símbolos e
foi coerente com ela por quase toda sua vida. Seus quadros, tapeçarias e esculturas estão na fundação que leva o seu nome.
Outro catalão, o arquiteto Antonio Gaudí, morreu em 1926 enquanto levantava as primeiras
torres da Sagrada Família, obra de
uma catedral que provavelmente
levará mais 40 ou 50 anos para ser
concluída. É algo delirante, imprevisível como um castelo de
areia, ligeiramente filiado ao movimento art nouveau, com formas
e curvas bizarras em suas três fachadas e sua cúpula alta de 170 m.
A arquitetura de Gaudí está presente em outros prédios de Barcelona e também no parque Güell,
que ele idealizou com bancos curvos em cacos de cerâmica.
Uma rambla é fácil de explicar:
em São Paulo não existiria porque
algum prefeito precisaria do espaço para a passagem de automóveis. São canteiros centrais de
avenidas em que bares e restaurantes instalam mesas, livreiros e
artesãos vendem estoques e, sobretudo, onde os catalães vivem
sua sociabilidade ao ar livre.
Há por fim o bairro Gótico, assim denominado porque grande
parte de seus prédios data do período medieval. Não perca a catedral e os vestígios da muralha do
período romano, a Torre del Rei
Marti, o Saló del Tinnell ou a praça São Felipe Neri.
(JBN)
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