São Paulo, Segunda-feira, 21 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VERÃO SICILIANO
Caminhada pelo Etna, também conhecido como "o bom gigante", inclui cheiro de enxofre e rio de lava
Vulcão é protagonista da história local

da enviada especial à Sicília

O Etna é um dos protagonistas históricos da região de Catânia. No ritmo das erupções, cidades foram destruídas e reconstruídas.
A rocha basáltica, que resulta da lava vulcânica endurecida, é usada para edificar ruas e casas. Por causa das pedras escuras, o cenário é cinzento, mas não triste.
A lava fertilizou o solo local, disputado por vários povos. Segundo especialistas, as uvas que nascem no monte Etna são mais doces. Ali, as vinícolas produzem um vinho branco frutado, de origem controlada, o Etna Bianco Superiore.
Cerca de 800 mil pessoas vivem nos arredores, distribuídas em 20 cidades na montanha -e Catânia fica na planície, a 40 km dali.
O monte Etna tem 3.330 metros de altitude. É o mais alto vulcão da Europa e ainda está ativo. Tem erupções constantes, pequenas ou grandes. A última das grandes aconteceu em julho de 1998, e os moradores levaram vida normal no período em que ela durou.
Segundo o vulcanólogo, professor de geologia da Universidade de Catânia e guia turístico Sandro Privitera, o Etna teve 75 grandes erupções nos últimos três séculos, sendo 25 nos últimos 30 anos.
Observatórios sismológicos e o Instituto Nacional de Vulcanologia, em Catânia, monitoram a atividade do Etna e o risco para moradores e visitantes. Um dos indícios de que uma erupção está próxima são os terremotos.
Quem nasce em Catânia sabe de cor a história do Etna. A erupção mais violenta ocorreu em 1693, destruindo 16 cidades. A de 1979 deixou nove mortos e 22 feridos -não por causa da erupção, mas pelo terremoto que a precedeu. Mesmo assim, na mitologia siciliana, o Etna é "o bom gigante".
O vulcão também é associado a santa Ágata, padroeira de Catânia, cujo véu representa uma corrente de lava, a projeção da divindade protetora.

Chão "ferve"
Nas encostas, a paisagem alterna plantações de pistache, castanha, pinho e uva. Algumas flores raras surgiram no Etna e só florescem lá. Há trechos em que os rios de lava legaram desertos escuros, onde apontam, aqui e ali, crateras.
No ponto mais alto permitido aos turistas, o chão "ferve" sob os pés. É possível caminhar ao longo de pequenos rios de lava. O cheiro de enxofre é forte. Por causa da altitude, a temperatura é baixa -cerca de 4C num dia de primavera, mas, com o vento frio, a sensação térmica é inferior.
Quanto o turista está no alto do Etna, tem a impressão de estar acima do Sol. Na descida, um espetáculo extra: a sombra do vulcão -com fumacinha e tudo- refletida nas nuvens.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)


Texto Anterior: Lendas e mitos se mesclam à rica história regional
Próximo Texto: Melhor época para visitar parque ecológico é agora
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.