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VERÃO SICILIANO
Caminhada pelo Etna, também conhecido como "o bom gigante", inclui cheiro de enxofre e rio de lava
Vulcão é protagonista da história local
da enviada especial à Sicília
O Etna é um dos protagonistas
históricos da região de Catânia. No
ritmo das erupções, cidades foram
destruídas e reconstruídas.
A rocha basáltica, que resulta da
lava vulcânica endurecida, é usada
para edificar ruas e casas. Por causa das pedras escuras, o cenário é
cinzento, mas não triste.
A lava fertilizou o solo local, disputado por vários povos. Segundo
especialistas, as uvas que nascem
no monte Etna são mais doces. Ali,
as vinícolas produzem um vinho
branco frutado, de origem controlada, o Etna Bianco Superiore.
Cerca de 800 mil pessoas vivem
nos arredores, distribuídas em 20
cidades na montanha -e Catânia
fica na planície, a 40 km dali.
O monte Etna tem 3.330 metros
de altitude. É o mais alto vulcão da
Europa e ainda está ativo. Tem
erupções constantes, pequenas ou
grandes. A última das grandes
aconteceu em julho de 1998, e os
moradores levaram vida normal
no período em que ela durou.
Segundo o vulcanólogo, professor de geologia da Universidade de
Catânia e guia turístico Sandro Privitera, o Etna teve 75 grandes erupções nos últimos três séculos, sendo 25 nos últimos 30 anos.
Observatórios sismológicos e o
Instituto Nacional de Vulcanologia, em Catânia, monitoram a atividade do Etna e o risco para moradores e visitantes. Um dos indícios de que uma erupção está próxima são os terremotos.
Quem nasce em Catânia sabe de
cor a história do Etna. A erupção
mais violenta ocorreu em 1693,
destruindo 16 cidades. A de 1979
deixou nove mortos e 22 feridos
-não por causa da erupção, mas
pelo terremoto que a precedeu.
Mesmo assim, na mitologia siciliana, o Etna é "o bom gigante".
O vulcão também é associado a
santa Ágata, padroeira de Catânia,
cujo véu representa uma corrente
de lava, a projeção da divindade
protetora.
Chão "ferve"
Nas encostas, a paisagem alterna
plantações de pistache, castanha,
pinho e uva. Algumas flores raras
surgiram no Etna e só florescem lá.
Há trechos em que os rios de lava
legaram desertos escuros, onde
apontam, aqui e ali, crateras.
No ponto mais alto permitido
aos turistas, o chão "ferve" sob os
pés. É possível caminhar ao longo
de pequenos rios de lava. O cheiro
de enxofre é forte. Por causa da altitude, a temperatura é baixa
-cerca de 4C num dia de primavera, mas, com o vento frio, a sensação térmica é inferior.
Quanto o turista está no alto do
Etna, tem a impressão de estar acima do Sol. Na descida, um espetáculo extra: a sombra do vulcão -com fumacinha e tudo- refletida nas nuvens.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
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