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Alhambra revela o paraíso
dos muçulmanos
do enviado especial
O paraíso, segundo o Corão, é
um jardim à sombra, com muitas
plantas, refrescado por água corrente, onde os "afortunados" podem descansar. Pode-se ter uma
visão da imagem do paraíso muçulmano numa visita a Alhambra,
cidadela árabe em Granada.
Alhambra começou a ser construída no século 9º, como um "alcazar" (castelo). Ao longo dos séculos 13 e 14 foi ampliada com um
conjunto de palácios e de jardins.
Cada pedaço de Alhambra foi
concebido para agradar aos sentidos. Espelhos d'água foram planejados para refletir a imagem dos
palácios. As fontes e os canais d'água refrescavam o ambiente, como
o paraíso descrito no Corão, e produziam um som relaxante (hoje
impossível de ser percebido em
meio à balbúrdia dos turistas).
Cada centímetro dos enormes
palácios é decorado com motivos
geométricos e inscrições em caligrafia árabe, a maioria retirada do
Corão ou em louvor a Alá.
No seu auge, Alhambra chegou a
abrigar 40 mil pessoas, entre elas o
sultão, suas concubinas, a corte e
um exército de empregados, que
vivia numa cidade dentro das muralhas. Dali, a dinastia Násdir comandou o último reino mouro a
resistir à reconquista dos reis católicos. Em 1492, o sultão Boabdil se
rendeu aos inimigos cristãos.
Em Granada, não há guia turístico que deixe de repetir a lendária
frase da mãe de Boabdil: "Você
chora como mulher o que você não
soube defender como homem".
Hoje, Alhambra é o monumento
mais visitado da Espanha. Quem
visita o lugar pode ver o melhor
exemplo de arte mourisca na Europa e ter uma idéia de como era a
vida dos mouros, ou pelo menos,
dos sultões em território espanhol.
Alhambra é separada em três
partes: a fortaleza ("alcazar"), os
palácios da casa real e os jardins do
Generalife, residência de verão onde os sultões descansavam das intrigas da corte. Os banhos reais tinham três fontes de água: quente,
fria e perfumada. Havia vidros para filtrar a luz e dar ao vapor a cor
desejada pela família do sultão.
Ao andar alguns metros, o visitante estará diante de um novo ciclo histórico. Depois de tomar a cidadela, em 1492, os reis católicos
Fernando e Isabel fizeram uma reforma numa das alas dos palácios.
Em contraste à opulência e à delicadeza da arquitetura e da decoração mourisca, a ala dos reis católicos é despojada.
Mais à frente, o visitante se depara com um novo salto histórico.
Construído pelo neto de Fernando
e Isabel, o palácio de Carlos 5º é um
exemplo grandioso da arquitetura
renascentista.
Uma visita a Alhambra faz perder o fôlego porque as atrações se
sucedem. Ao norte dos palácios, o
jardim do Generalife servia como
refúgio de verão aos monarcas
mouros.
Os jardins foram muito modificados ao longo dos séculos e não
guardam a forma original. Mas a
combinação de fontes, piscinas e
vegetação explica por que uma das
traduções possíveis para o termo
"generalife" é "jardim do paraíso
elevado".
(RG)
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