São Paulo, Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999
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Guadix vive de suas cavernas

do enviado especial

Granada, Córdoba e Sevilha são as três grandes cidades de Al-Andalus, a Espanha sob domínio mouro. Mas todo o sul da Espanha, hoje conhecido como Andaluzia, guarda marcas da herança árabe e de uma cultura peculiar.
Quando os mouros (mistura de tribos bérberes do norte da África com árabes) invadiram a Espanha, em 711, o país era dominado pelos visigodos, que haviam se convertido ao cristianismo e copiavam costumes da época romana.
Os mouros transformaram a região no centro mais evoluído da Europa medieval. Segundo o escritor Mark Willians, autor de um livro sobre a história da Espanha, a civilização terminava nos Pirineus (fronteira com a França), e os bárbaros viviam ao norte.
A reconquista espanhola mudou a cara da região. Uma das heranças mais curiosas da mudança fica na cidade de Guadix, a cerca de duas horas de carro de Granada.
Mouros que foram expulsos de Granada procuraram refúgio em Guadix. Ali, eles se instalaram em cavernas, chamadas de "cuevas", nas montanhas.
Os refugiados árabes dos séculos 15 e 16 viviam de maneira rústica, primitiva, em buracos cavados na argila, dividindo o espaço com os animais que criavam.
Hoje, Guadix continua dependendo das "cuevas", mas agora para atrair turistas. Cerca de 3.000 famílias moram em "cuevas", atualmente bem mais confortáveis.
Além do bairro dos trogloditas, muitas coisas giram em torno das cavernas. Existem bar, museu, casa de campo e até um hotel em cavernas. Inaugurado há três anos, o hotel Pedro Alarcón usa como propaganda a idéia de experimentar a vida nas cavernas e oferece "cuevas" com TV, aquecimento e uma piscina na área externa.
Outra atração nos arredores de Granada, na cidade de Fuente Vaqueros, é a casa onde nasceu o escritor Federico García Lorca. A casa, onde ele escreveu "Bodas de Sangue", é um museu que já recebeu a visita de mais de 7 milhões de pessoas desde sua abertura em 1986. (RG)


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