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ESPANHA
Construção de estação ferroviária revela restos anteriores a Cristo em Córdoba, que teve seu apogeu no séc. 10º
Obras desmascaram ruínas romanas
Almodova, em
Córdoba,
cidade da
Andaluzia que
viveu seus 300
anos de
prosperidade
mais ou
menos no
século 10º
do enviado especial à Espanha
Ao fazer as escavações para a
construção da nova estação ferroviária de Córdoba, em 1992, os
operários encontraram ruínas dos
tempos da ocupação romana, iniciada no ano de 169 a.C.
Córdoba é uma cidade onde as
marcas da história estão presentes
em cada esquina. Não é uma história qualquer. Córdoba foi durante
300 anos a capital árabe no Ocidente, cidade mais desenvolvida
da Europa medieval.
No século 10º, auge do poderio
de Córdoba, a cidade tinha 100 mil
habitantes, centenas de mesquitas,
bibliotecas, observatórios e uma
universidade.
As casas eram construídas à moda árabe, com pátios, jardins e fontes. Havia centenas de banhos públicos e um aqueduto que abastecia de água a cidade.
Nos mercados mouros falava-se
várias línguas: o bérber, das tribos
do norte da África, o árabe, o hebraico e o romance, uma derivação
do latim que viria a se tornar o
atual espanhol.
Árabes, judeus e cristãos conviviam pacificamente. Surgiram filósofos, como o árabe Averroes, e
médicos importantes, como Maimônides, da comunidade judaica.
Córdoba era famosa em toda a
Europa pela qualidade de seus artigos em couro e em metal, pela fiação de seda e pelos azulejos, até hoje uma marca da cidade.
Quem anda hoje em dia pelo
"casco viejo", a parte antiga e preservada de Córdoba, não tem dificuldade em imaginar como era a
vida no antigo califado.
A grande mesquita de Córdoba,
segunda mais importante do antigo mundo muçulmano, ainda está
de pé. Ao seu redor, espalham-se
os bairros mouro e dos judeus (Judería), com ruas muito estreitas e
tortas, construídas ao acaso, sem
planejamento.
Uma ponte erguida pelos romanos, sobre o rio Guadalquivir, liga
a cidade antiga à torre da Calahorra, levantada no século 14.
Nos arredores da cidade ficam os
restos da Medina Azahara, "a cidade da flor". O local está em ruínas.
Mas antes de ser destruída por tribos bérberes, em 1010, era um palácio imponente.
Construído por Abd al Rahman
3º em homenagem à sua esposa
predileta, a obra empregou 10 mil
homens e materiais importados
até do norte da África.
O palácio tinha 400 quartos em
marfim, cedro e ônix, decorados
com pérolas e peças de ouro. Para
servir ao califa, havia milhares de
empregados, músicos e um harém
de 6.300 mulheres.
A opulência de Córdoba durou
300 anos. Começou em 711, quando os mouros do norte da África
invadiram Córdoba. A princípio,
Córdoba ficou subordinada ao califado de Damasco, mas em 765
Abd al Rahman 1º proclamou-se
emir independente.
Como sede de um califado, Córdoba prosperou. Mas no princípio
do século 11, em meio a uma guerra civil, a cidade foi invadida e saqueada por tribos bérberes. Em
1236, o rei cristão Fernando 3º reconquistou Córdoba, que hibernou como cidade provinciana até o
século passado.
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