São Paulo, Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999
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Templo é mesquita e catedral

do enviado especial

A grande mesquita de Córdoba já impressionava os visitantes há 12 séculos. Muçulmanos que não tinham como peregrinar até Meca, ponto sagrado da religião islâmica, recorriam à mesquita de Córdoba.
Quando as tribos bérberes invadiram Córdoba, no século 11, saquearam e destruíram a cidade, mas não tiveram coragem de tocar na construção.
Mesmo os reis católicos que conquistaram Córdoba foram prudentes ao se deparar com a mesquita. Fernando 3º ocupou Córdoba em 1236 e ordenou a conversão da mesquita numa catedral. Mesmo assim, a estrutura básica da construção ficou inalterada.
No século 16, o rei Carlos 1º ordenou a construção de uma grande capela e um coro no centro da mesquita. Parte do prédio foi colocada abaixo para dar espaço à igreja. A catedral ficou cercada por fileiras e fileiras das colunas e dos arcos da mesquita.
Mais tarde, o rei se arrependeu de ter alterado o desenho original da construção islâmica, mas, por sorte, são os alicerces da catedral católica que mantêm toda a estrutura de pé até hoje.
A grande mesquita causa impacto imediato a quem a visita. Sequências de colunas a perder de vista sustentam duas fileiras de arcos, pintados nas cores branca e vermelha.
O teto é trabalhado com desenhos e caligrafia árabe. Sua sala de rezas, Mihrab, tem arco em forma de ferradura, desenhos dourados e mosaicos bizantinos. É considerada a mais bonita do mundo.
Hoje, o enorme salão é pouco iluminado, mas no apogeu da Córdoba moura era diferente. Com todos seus portões abertos, a construção era clara e recebia em seu interior até 10 mil pessoas.
A construção foi iniciada em 785, por Abd al Rahman 1º, no mesmo lugar onde os visigodos mantinham a igreja católica devotada a São Vicente. Antes da igreja, provavelmente havia um templo romano no local.
Para levantar a mesquita, Rahman 1º usou colunas retiradas de construções dos visigodos e dos romanos. O prédio sofreu várias ampliações e, antes da construção da catedral, chegou a ter mais de mil colunas, distribuídas por 23 mil metros quadrados.
Caso único no mundo, até hoje a mesquita e a catedral, dividindo o mesmo espaço, são usadas na celebração de algumas cerimônias religiosas.
(RICARDO GRINBAUM)


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