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Templo é mesquita e catedral
do enviado especial
A grande mesquita de Córdoba já
impressionava os visitantes há 12
séculos. Muçulmanos que não tinham como peregrinar até Meca,
ponto sagrado da religião islâmica,
recorriam à mesquita de Córdoba.
Quando as tribos bérberes invadiram Córdoba, no século 11, saquearam e destruíram a cidade,
mas não tiveram coragem de tocar
na construção.
Mesmo os reis católicos que conquistaram Córdoba foram prudentes ao se deparar com a mesquita. Fernando 3º ocupou Córdoba em 1236 e ordenou a conversão
da mesquita numa catedral. Mesmo assim, a estrutura básica da
construção ficou inalterada.
No século 16, o rei Carlos 1º ordenou a construção de uma grande
capela e um coro no centro da
mesquita. Parte do prédio foi colocada abaixo para dar espaço à igreja. A catedral ficou cercada por fileiras e fileiras das colunas e dos
arcos da mesquita.
Mais tarde, o rei se arrependeu
de ter alterado o desenho original
da construção islâmica, mas, por
sorte, são os alicerces da catedral
católica que mantêm toda a estrutura de pé até hoje.
A grande mesquita causa impacto imediato a quem a visita. Sequências de colunas a perder de
vista sustentam duas fileiras de arcos, pintados nas cores branca e
vermelha.
O teto é trabalhado com desenhos e caligrafia árabe. Sua sala de
rezas, Mihrab, tem arco em forma
de ferradura, desenhos dourados e
mosaicos bizantinos. É considerada a mais bonita do mundo.
Hoje, o enorme salão é pouco iluminado, mas no apogeu da Córdoba moura era diferente. Com todos
seus portões abertos, a construção
era clara e recebia em seu interior
até 10 mil pessoas.
A construção foi iniciada em 785,
por Abd al Rahman 1º, no mesmo
lugar onde os visigodos mantinham a igreja católica devotada a
São Vicente. Antes da igreja, provavelmente havia um templo romano no local.
Para levantar a mesquita, Rahman 1º usou colunas retiradas de
construções dos visigodos e dos
romanos. O prédio sofreu várias
ampliações e, antes da construção
da catedral, chegou a ter mais de
mil colunas, distribuídas por 23
mil metros quadrados.
Caso único no mundo, até hoje a
mesquita e a catedral, dividindo o
mesmo espaço, são usadas na celebração de algumas cerimônias religiosas.
(RICARDO GRINBAUM)
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