|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Virgens perdiam o coração em Ingapirca
da enviada especial
Estreito e gelado, o corredor conduz à morte; sem grito, sem surpresa, uma a uma as virgens caminham, drogadas, para a rendição
final. O coração é arrancado e o
corpo despenca.
Assim era o sacrifício oferecido
aos deuses em Ingapirca, maior
ruína inca do Equador -você
pensava que só no Peru havia dessas coisas, não? Surpresa!
A menos de 150 km de Cuenca, o
que restou do templo e das casas
desse antiquíssimo sítio indígena
conta a história do Império Inca,
que, antes da chegada dos espanhóis, estendia-se por toda a cordilheira dos Andes, do Chile até o
Equador.
Em Ingapirca, que significa "parede de pedras", os primeiros habitantes foram os índios cañaris,
que já moravam em casas de pedra, teciam suas próprias roupas e
criavam animais.
No alto da cordilheira dos Andes,
a cerca de 3.230 metros de altitude,
os cañaris e os incas construíram,
juntos, um engenhoso sistema de
distribuição de água, conservação
dos cereais e refrigeração natural
das casas. Também ergueram um
"banheiro", num local onde há pedras que conservam mais o calor, e
até uma espécie de ateliê, usado
para tingir as roupas.
Ao redor de Ingapirca, os índios
cultivavam o campo, plantando,
principalmente, milho e batata.
Até hoje seus descendentes seguem essa filosofia, e você pode ver
as áreas cultivadas nas montanhas
que circundam a antiga cidade.
Os indígenas conservam também o estilo das vestimentas de
seus ancestrais e a postura altiva.
Alguns deles trabalham como
guias em Ingapirca, mas a maioria
só mora nas redondezas.
É quase certo que você seja abordado ali por pelo menos um filho
da terra, por um motivo especial.
"Gostou da cara do inca?", ele lhe
perguntará. Você responderá que
sim, lógico.
Explica-se: a partir do "banheiro", uma trilha histórica leva até
uma grande rocha na qual os incas
esculpiram, em tempos ancestrais,
os traços de um rosto indígena.
Depois de apreciar devidamente
a cara do inca, visite o pequeno
museu que faz parte do sítio arqueológico. Estão ali peças que foram encontradas em Ingapirca,
como máscaras, pedaços de tecido
e até mesmo de papel, com inscrições na linguagem dos indígenas.
Tudo isso pode ser conhecido em
umas quatro horas. Mas, se você
adora arqueologia, é bom se planejar para ficar ali mais tempo.
Para chegar a Ingapirca, o mais
conveniente é contratar um tour
em Cuenca. As agências oferecem
transporte em van. Na Aventuras
Río Arriba (rua Hermano Miguel,
14), com guias bem informados e
preços convidativos, o passeio,
com almoço, custa US$ 35.
(CAr)
Texto Anterior: Cuenca foi calçada de poesia e história Próximo Texto: Aventura chega à Amazônia pedalando Índice
|