São Paulo, Segunda-feira, 22 de Março de 1999
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Virgens perdiam o coração em Ingapirca

da enviada especial

Estreito e gelado, o corredor conduz à morte; sem grito, sem surpresa, uma a uma as virgens caminham, drogadas, para a rendição final. O coração é arrancado e o corpo despenca.
Assim era o sacrifício oferecido aos deuses em Ingapirca, maior ruína inca do Equador -você pensava que só no Peru havia dessas coisas, não? Surpresa!
A menos de 150 km de Cuenca, o que restou do templo e das casas desse antiquíssimo sítio indígena conta a história do Império Inca, que, antes da chegada dos espanhóis, estendia-se por toda a cordilheira dos Andes, do Chile até o Equador.
Em Ingapirca, que significa "parede de pedras", os primeiros habitantes foram os índios cañaris, que já moravam em casas de pedra, teciam suas próprias roupas e criavam animais.
No alto da cordilheira dos Andes, a cerca de 3.230 metros de altitude, os cañaris e os incas construíram, juntos, um engenhoso sistema de distribuição de água, conservação dos cereais e refrigeração natural das casas. Também ergueram um "banheiro", num local onde há pedras que conservam mais o calor, e até uma espécie de ateliê, usado para tingir as roupas.
Ao redor de Ingapirca, os índios cultivavam o campo, plantando, principalmente, milho e batata. Até hoje seus descendentes seguem essa filosofia, e você pode ver as áreas cultivadas nas montanhas que circundam a antiga cidade.
Os indígenas conservam também o estilo das vestimentas de seus ancestrais e a postura altiva. Alguns deles trabalham como guias em Ingapirca, mas a maioria só mora nas redondezas.
É quase certo que você seja abordado ali por pelo menos um filho da terra, por um motivo especial. "Gostou da cara do inca?", ele lhe perguntará. Você responderá que sim, lógico.
Explica-se: a partir do "banheiro", uma trilha histórica leva até uma grande rocha na qual os incas esculpiram, em tempos ancestrais, os traços de um rosto indígena.
Depois de apreciar devidamente a cara do inca, visite o pequeno museu que faz parte do sítio arqueológico. Estão ali peças que foram encontradas em Ingapirca, como máscaras, pedaços de tecido e até mesmo de papel, com inscrições na linguagem dos indígenas.
Tudo isso pode ser conhecido em umas quatro horas. Mas, se você adora arqueologia, é bom se planejar para ficar ali mais tempo.
Para chegar a Ingapirca, o mais conveniente é contratar um tour em Cuenca. As agências oferecem transporte em van. Na Aventuras Río Arriba (rua Hermano Miguel, 14), com guias bem informados e preços convidativos, o passeio, com almoço, custa US$ 35.
(CAr)


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