|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LINHA CRUZADA
Maior cidade do país tem encanto insuspeito
Garimpeiros acham
o ouro de Guaiaquil
da enviada especial ao Equador
Ela é a cidade mais populosa do
país, com quase 2 milhões de habitantes -Quito congrega apenas
cerca de 1, 4 milhão de almas- e
tem o porto mais importante do
Equador. Mas, sustentam os equatorianos, nesse caso tamanho definitivamente não é documento.
Com fama de perigosa, maltratada e manca de características intrínsecas, Guaiaquil é considerada
a menos turística das cidades
equatorianas.
Como se vê, trata-se de um desafio e tanto para aqueles com espírito de Indiana Jones, dispostos a garimpar tesouros imersos no aparente caos.
Antes de tudo, é bom saber que
para quem mora em São Paulo, no
Rio ou em outras capitais brasileiras a violência de Guaiaquil não
chega a assustar. Como aqui, é só
tomar um certo cuidado e não dar
pinta de turista para evitar assaltos.
Devidamente precavido, saia às
ruas com ganas de desbravador.
Sua recompensa pode ser um rico
museu arqueológico, como o do
banco do Pacífico, ou a arquitetura
das igrejas da região do Malecón, à
beira do rio Guaya. Você pode visitar tudo isso a pé.
Como um bom explorador, comece pelas relíquias expostas no
Museo Arqueológico del Banco del
Pacífico (praça de Icaza, 113). O
acervo, muito bem cuidado, é
composto de artefatos da cultura
equatoriana datados desde 3.000
a.C. até o século 16. São cerâmicas,
máscaras, estatuetas, ferramentas.
Também no centro, não deixe de
visitar a catedral, construída em
1547 e refeita em 1978. Ela fica em
frente ao parque Simon Bolívar. Vá
de preferência em um domingo de
manhã, quando todas as igrejas estão lotadas.
Fé, suor e pobreza
A multidão acomoda-se nos bancos de madeira e aguarda a missa,
longuíssima (leva mais de uma hora), começar. Depois que o padre
deixa o altar, os fiéis, gente simples, ainda continuam na igreja,
rezando como quem canta um lamento.
Você consegue imaginar, de imediato, quais são os pedidos: dinheiro para comprar uma casinha, remédios para os doentes, escola para os filhos. Ou seja, o básico, que
insiste em faltar.
À porta, um ou dois mendigos
pedem esmola. Nada comparável à
miséria dos grandes centros urbanos brasileiros.
Domingo no parque
No parque Simon Bolívar, as famílias, muitas com crianças, tomam sorvete e vêem a vida passar.
Iguanas flanam pelo jardim.
Perto dali, a igreja La Merced ostenta um altar barroco com folhas
de ouro. O prédio original é de
1787, mas, como muitos outros,
pereceu em um dos incêndios que
devastaram a cidade e foi reconstruído em 1938.
Para terminar o passeio guardando na boca um gosto de Sol (e
vitória), faça como os equatorianos: tome um picolé artesanal.
Com leite e em formato de cone,
tem sabor suave e parece querer
lhe dar as boas-vindas.
(CARLA
ARANHA)
Texto Anterior: Mesa é farta em todo o país Próximo Texto: Arco-íris coroa céu de Atacames Índice
|