São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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MENTES DE MINAS

Trilhas a quedas-d'água da região são percorridas com facilidade, embora sua localização seja difícil

Cachoeiras não têm infra nem sinalização

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Itabira tem 70% de suas terras em relevo montanhoso, o que favorece a existência de mais de 200 cachoeiras na região. O ecoturismo está sendo aos poucos descoberto, mas é pouco desenvolvido. Ainda não há nenhuma empresa profissional operando na cidade. Para os interessados, é sinal de aventura certa.
Os destinos turísticos mais próximos ficam nos distritos de Ipoema, a 36 km do centro, e de Senhora do Carmo, a 32 km, onde estão algumas das cachoeiras. O acesso é por estrada de terra e, depois, por trilhas percorridas a pé. São na maioria curtas e não oferecem grande dificuldade.
As estradas são boas e permitem a utilização de um carro comum em dias sem chuva; o difícil é encontrar o destino final. Há algumas bifurcações e não há muitas placas de sinalização. Se você tiver sorte, pode encontrar pessoas como Sebastião de Oliveira, o Tãozinho, que nasceu em Senhora do Carmo e faz questão de viver lá até hoje, apesar de trabalhar como chefe do Departamento de Comércio e Turismo de Itabira.
"Todo mundo me conhece aqui. Como legumes plantados sem agrotóxico e cozinho meus próprios alimentos. Levo uma vida tranquila", diz. Além de conhecer a região como ninguém, ele faz o doce de leite mais famoso da vizinhança. Mas só para os amigos. E, como bom mineiro, não irá negar uma oferenda.
O caminho para as cachoeiras pode compensar a aventura: durante todo o trajeto é possível avistar a área de preservação ambiental da serra do Cipó.
As casas que cercam as estradas dão uma idéia do perfil socioeconômico dos 9% da população itabirana que ainda vive no meio rural. A maioria sobrevive da agricultura de subsistência e muitos tomam ônibus em Carmo ou em Ipoema para estudar ou trabalhar em Itabira todos os dias.
O caminho mais curto para chegar aos distritos é pelas estradas de terra, mas há a opção de pegar estradas asfaltadas. Dos distritos até as cachoeiras, só resta a terra batida. Antes de iniciar o passeio é bom se alimentar, pois não há infra-estrutura turística.
Partindo de Ipoema, o turista tem acesso a pelo menos três cachoeiras. A Alta, de 70 m de altura, é o grande atrativo. Abaixo, suas águas formam uma piscina natural, cercada por rochas. A água é límpida e a temperatura média, de 18C.
A partir da piscina, as águas correm por entre as pedras, formando vários poços propícios para banho. É possível acampar próximo à cachoeira (informações, tel. 0/xx/31/9963-6380).
A cachoeira do Meio, de aproximadamente 30 m, desce de uma rocha da serra do Espinhaço, na parte de trás da cachoeira Alta. Para chegar a essa queda-d'água, é preciso atravessar uma trilha acima da cachoeira Alta.
A cachoeira do Patrocínio tem pequeno porte e se transforma em uma piscina rasa, forrada de cascalho e areia, o que dá um tom alaranjado à água quando ela reflete os raios de sol. De todas as cachoeiras, é a que tem a trilha mais perigosa: são 50 minutos vencendo pequenas corredeiras e chão escorregadio.

Senhora do Carmo
A partir de Senhora do Carmo, as melhores cachoeiras são a da Boa Vista e a do Bongue. A Boa Vista é uma corredeira com alguns saltos d'água de médio porte, localizada na estrada secundária entre Senhora do Carmo e Ipoema. Há vários poços formados por pedras. Se você quiser sossego, o ideal é ir durante a semana, porque ela é a mais visitada, até pelos próprios moradores da cidade, porque o acesso é fácil.
A de acesso mais difícil, por causa da trilha íngreme, é a cachoeira do Bongue. Pouca gente a conhece. Fica dentro da área de proteção que circunda o Parque Nacional da Serra do Cipó.
Itabira também oferece opções para quem prefere um passeio ecológico mais ameno. Ao lado do Memorial Carlos Drummond de Andrade, o pico do Amor pode ser utilizado como mirante.
O Parque Municipal Poço da Água Santa é outra opção de lazer, com uma fonte de água com temperatura elevada, que brota de fraturas nas rochas, devido ao grau geotérmico do subsolo.
Outra opção é o Parque Ecológico Mata do Intelecto, com 213.000 m2 de área de lazer. No parque, fica o Orquidário Municipal. (MD)


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