São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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Museu relembra lar do presidente

FREE-LANCE PARA A FOLHA

JK tinha um carinho enorme por Diamantina e, principalmente, pela casa onde viveu de aluguel dos cinco aos 18 anos, no mesmo lugar onde funciona hoje o museu Casa de Juscelino.
Depois que JK se mudou para Belo Horizonte, a família Lages comprou a casa e morou lá por 50 anos, até que ela fosse comprada por um dos amigos do presidente.
Todas as vezes que ele visitava a cidade, voltava à casa na qual havia vivido com a mãe e a irmã. Naquela época, seu pai já havia morrido de tuberculose.
No museu, inaugurado em 1985, fotos mostram como era a casa: simples, com pouca mobília e não tão bem conservada como hoje. Na cozinha, o destaque fica para a receita de um frango com quiabo chamado xico angu (veja acima), que era seu prato predileto. "Sendo escassos os móveis da casa, minha irmã fabricou, ela própria, uma mobília para a sala de jantar, utilizando caixotes obtidos numa venda próxima", disse JK, segundo um painel no local.
A parte da casa que JK mais gostava era seu quarto. "Ele era acanhado. Não comportava mais que a cama e uma minúscula mesa, feita de caixote, com a respectiva cadeira, arranjada não sei onde."
O comerciante Laércio Lages, 65, morava na casa onde JK viveu quando era jovem e se lembra de uma situação inusitada que aconteceu na época de sua Presidência: "Minha mãe estava cozinhando arroz e feijão, daí Juscelino bateu na porta de casa e foi até a cozinha. Pediu para que ela lhe servisse. Comeu, depois foi até o quarto que era dele e ficou admirando-o. Lá fora estavam os seguranças."
No museu, há um anexo inaugurado em 1994, com biblioteca para pesquisa e a reprodução do consultório médico de JK. No final da rua onde ele viveu, foi colocada a estátua em sua homenagem, a seu pedido, é claro.
JK costumava visitar Diamantina com frequência para ver o que a cidade estava precisando. Em uma dessas visitas, no início da década de 50, quando era governador de Minas, ele propôs ao prefeito Lomelino Couto a fundação de uma faculdade de odontologia, como o historiador Lomelino Ramos Couto (cujo nome é uma homenagem ao prefeito), 26, apurou em seu projeto de conclusão de curso de graduação:
"JK perguntou ao prefeito Lomelino Couto: "Sabe o que vim fazer dessa vez em Diamantina?" Ele mesmo respondeu: "Vim fundar uma faculdade de odontologia". Couto perguntou: "Como você vai fazer isso?" JK respondeu: "Houve um levante na Argentina e estou com três importantes professores ligados ao governo deposto de Perón exilados em Belo Horizonte. Então vamos fazer a escola para aproveitar esses professores. Você vai organizar o lugar para a faculdade e os funcionários e vamos construí-la"."
O projeto demorou para ser aprovado e os professores voltaram para a Argentina depois da retomada da estabilidade política.
A Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina foi fundada em 1953. Hoje a cidade tem duas faculdades. (MD)


Casa de Juscelino - De ter. a qui., das 9h às 17h, sex. e sáb., das 9h às 18h, e dom., das 9h às 14. R. São Francisco, 241.


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