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Museu relembra lar do presidente
FREE-LANCE PARA A FOLHA
JK tinha um carinho enorme
por Diamantina e, principalmente, pela casa onde viveu de aluguel
dos cinco aos 18 anos, no mesmo
lugar onde funciona hoje o museu
Casa de Juscelino.
Depois que JK se mudou para
Belo Horizonte, a família Lages
comprou a casa e morou lá por 50
anos, até que ela fosse comprada
por um dos amigos do presidente.
Todas as vezes que ele visitava a
cidade, voltava à casa na qual havia vivido com a mãe e a irmã. Naquela época, seu pai já havia morrido de tuberculose.
No museu, inaugurado em
1985, fotos mostram como era a
casa: simples, com pouca mobília
e não tão bem conservada como
hoje. Na cozinha, o destaque fica
para a receita de um frango com
quiabo chamado xico angu (veja
acima), que era seu prato predileto. "Sendo escassos os móveis da
casa, minha irmã fabricou, ela
própria, uma mobília para a sala
de jantar, utilizando caixotes obtidos numa venda próxima", disse
JK, segundo um painel no local.
A parte da casa que JK mais gostava era seu quarto. "Ele era acanhado. Não comportava mais que
a cama e uma minúscula mesa,
feita de caixote, com a respectiva
cadeira, arranjada não sei onde."
O comerciante Laércio Lages,
65, morava na casa onde JK viveu
quando era jovem e se lembra de
uma situação inusitada que aconteceu na época de sua Presidência:
"Minha mãe estava cozinhando
arroz e feijão, daí Juscelino bateu
na porta de casa e foi até a cozinha. Pediu para que ela lhe servisse. Comeu, depois foi até o quarto
que era dele e ficou admirando-o.
Lá fora estavam os seguranças."
No museu, há um anexo inaugurado em 1994, com biblioteca
para pesquisa e a reprodução do
consultório médico de JK. No final da rua onde ele viveu, foi colocada a estátua em sua homenagem, a seu pedido, é claro.
JK costumava visitar Diamantina com frequência para ver o que
a cidade estava precisando. Em
uma dessas visitas, no início da
década de 50, quando era governador de Minas, ele propôs ao
prefeito Lomelino Couto a fundação de uma faculdade de odontologia, como o historiador Lomelino Ramos Couto (cujo nome é
uma homenagem ao prefeito), 26,
apurou em seu projeto de conclusão de curso de graduação:
"JK perguntou ao prefeito Lomelino Couto: "Sabe o que vim fazer dessa vez em Diamantina?" Ele
mesmo respondeu: "Vim fundar
uma faculdade de odontologia".
Couto perguntou: "Como você vai
fazer isso?" JK respondeu: "Houve
um levante na Argentina e estou
com três importantes professores
ligados ao governo deposto de Perón exilados em Belo Horizonte.
Então vamos fazer a escola para
aproveitar esses professores. Você
vai organizar o lugar para a faculdade e os funcionários e vamos
construí-la"."
O projeto demorou para ser
aprovado e os professores voltaram para a Argentina depois da
retomada da estabilidade política.
A Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina foi fundada em 1953. Hoje a cidade tem
duas faculdades.
(MD)
Casa de Juscelino - De ter. a qui., das 9h
às 17h, sex. e sáb., das 9h às 18h, e dom.,
das 9h às 14. R. São Francisco, 241.
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