São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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MENTES DE MINAS

Início da carreira política, nos anos 30, foi difícil

Ideário do presidente foi forjado na juventude

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A juventude de JK em Diamantina foi fundamental para a elaboração de seu lema de governo presidencial "energia e transporte" (1956-1961), segundo revelou em várias entrevistas. Apelidado de Nonó, JK viveu em Diamantina até os 18 anos, com a mãe e a irmã, Naná. Seu pai morreu de tuberculose quando ele tinha três anos.
Naquela época, a cidade só tinha escola particular. A mãe de JK era professora e se responsabilizou pela educação primária dos filhos. Como ela não tinha dinheiro para lhe pagar os estudos em outra cidade, JK fez o curso de humanidades no seminário de Diamantina. Saiu de lá com 15 anos e até os 18 estudou sozinho.
Em 1922, ingressou na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte e formou-se em 1927. Três anos mais tarde, passou alguns meses em Paris, especializando-se em urologia. "Quanto mais me dedicava à medicina, mais ela me apaixonava. O material com que se trabalha é a existência humana. E os inimigos a combater são o sofrimento e a morte", dizia. JK atendia em Belo Horizonte. Era casado e teve duas filhas.
Em 1934, ingressou na política como chefe do gabinete do recém-nomeado interventor federal em Minas, Benedito Valadares. No mesmo ano, foi eleito deputado federal, mas perdeu o mandato em 1937, com o Estado Novo, voltando então a clinicar.
O começo da trajetória política de JK foi uma fase difícil. Segundo o seu amigo Leandro Costa, um dos momentos mais complicados foi se impor como líder político em Diamantina. A ditadura quase fez JK abandonar a política. O comerciante Laércio Lages, 65, tem a cópia de uma carta que o presidente enviou a um amigo em 1938 dizendo que sua carreira política tinha chegado ao fim.
Mas JK foi nomeado prefeito de Belo Horizonte em 1940 e contou com o arquiteto Oscar Niemeyer para fazer várias obras na cidade. Elegeu-se deputado à Assembléia Nacional Constituinte de 1946 e governador de Minas em 1950.
Em 1955, foi eleito à Presidência da República, em cujo mandato elaborou o Plano de Metas 50 Anos em 5, que gerou uma onda desenvolventista. "O gigante, que vivera deitado em berço esplêndido durante anos, abria, por fim, os olhos para a vida", disse. Seu governo implantou a indústria automobilística em meio à estabilidade política. Para promover a integração do país, JK transferiu a capital para Brasília, construída para esse fim. "Vivi naquele 21 de abril de 1960 as maiores emoções de minha vida."
No governo de seu sucessor Jânio Quadros, elegeu-se senador por Goiás. Em 1964, teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos pelo regime militar por dez anos. Morreu em 22 de agosto de 1976, vítima de um acidente de carro na via Dutra. (MD)


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