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AMÉRICA NATIVA
A 1.600 m de altitude, barcos navegam águas escuras e levam a locais ricos em feiras e sincretismo religioso
Povoados únicos cercam o lago Atitlán
DO ENVIADO ESPECIAL À GUATEMALA
Os chapíns, como são chamados os guatemaltecos, dizem que
Atitlán, na região das cordilheiras,
a 1.600 m de altitude, é o lago mais
charmoso do mundo. O passeio
sobre a água azul-escura -que
encobre 135 km2- é feito em barcos, mas os chapíns o vendem como um "verdadeiro mergulho no
tempo e na história".
Os nativos contam que uma antiga civilização usava uma das extremidades do lago como esconderijo de tesouros. Eles nunca foram encontrados, mas várias peças arqueológicas expostas em
museus da Guatemala saíram das
profundezas do Atitlán.
Três gigantes se destacam na região do lago: os vulcões Tolimán,
Atitlán e San Pedro. O cenário ganha vida com a presença de 15 povoados, onde se falam os dialetos
cakchiquel e o tzutuhil.
O maior povoado é o de Panahajel. É também o mais visitado
por turistas, pescadores e trabalhadores, tanto que os nativos
praticamente abandonaram a
agricultura e a pesca para viver do
comércio turístico.
A principal rua de Panahajel é
repleta de barracas e lojas de artesanato e vários cibercafés. Como
no país não é possível fazer telefonemas a cobrar, os computadores
dos cafés são disputadíssimos.
Na outra margem do lago fica o
povoado de Santiago de Atitlán, o
mais exótico da região. Ao desembarcar no vilarejo, o visitante
é recepcionado por índias em trajes tradicionais, que aumentam a
renda familiar cobrando quetzales dos turistas que tiram fotos.
Para chegar ao centro do povoado é preciso subir uma colina,
passando por um curioso mercado de legumes, verduras, peixes e
carnes de frango e de porco.
Outro ponto de visitação é a
igreja de Santiago de Atitlán. Erguida em 1547, a construção revela marcas da ação de terremotos e
da guerrilha civil que explodiu no
país contra o regime ditatorial. As
imagens de santos e divindades
guardadas na igreja são cobertas
com túnicas multicoloridas
-trajes renovados, religiosamente, uma vez por ano.
As casas de Santiago de Atitlán
conservam características dos antepassados. Em algumas é possível ver o chuj, um tipo de sauna
construída em pedra, cuja engenharia é atribuída aos maias.
Aguardente
Exemplo maior do forte sincretismo religioso da região, o Maximón existe há 300 anos em Santiago. É uma imagem que leva um
charuto na boca e sempre está envolta em coloridas roupas de seda. A principal oferenda a Maximón são copos com aguardente.
É tradição em Santiago que a cada ano uma família dê guarida à
imagem, que só retorna à igreja
no primeiro dia da Semana Santa.
(FÁBIO MARRA)
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