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AMÉRICA NATIVA
É preciso pechinchar no local, que tem ainda museu sobre o jade
Estrada sinuosa leva à feira maia de Chichi
DO ENVIADO ESPECIAL À GUATEMALA
O índios de Chichicastenango
vivem num dos pontos mais altos
das cordilheiras da Guatemala
(2.000 m acima do nível do mar).
Carros e ônibus que partem da
capital percorrem 145 km de sinuosa estrada, levando o turista
até o povoado, principalmente às
quintas-feiras e aos domingos,
dias reservados ao animado e colorido mercado local.
Centenas de barracas alinhadas
e enfeitadas disputam a atenção
do visitante com peças artesanais
e vestuário, que traduzem os costumes e a tradição dos ancestrais,
sobretudo dos maias.
Em Chichi, diminutivo adotado
pelos nativos, o odor de incensos,
as flores e o burburinho inusitado
do idioma local, o quiché, remontam à história distante.
Outras surpresas são expostas
nas vielas do povoado. Barracas
simples amontoam coloridos tecidos e bordados feitos à mão. São
roupas, cortinas e confecções impecáveis para qualquer tipo de
decoração. Artesanatos de corda,
cerâmica e pedras também revelam a arte aprendida fielmente ao
longo de gerações. Aos domingos,
o comércio de Chichicastenango
recebe em média 10 mil pessoas.
"Regatear" é a palavra-chave
para se fazer compras em Chichi.
Pechinchar faz parte da cultura
local e nunca se compra algo pelo
preço inicial. Faça sempre uma
contraproposta -é o esperado.
Ao final da negociação, as duas
partes sairão satisfeitas.
Tirar fotografias em Chichi, no
entanto, requer mais habilidade.
Focalizar rostos ou até mesmo
produtos sem prévia autorização
pode causar algum tumulto. Antes é preciso pedir permissão e fazê-lo pode custar alguns quetzales, a moeda local.
Templo e jade
Chichi guarda ainda a igreja
Santo Tomás, que em tempos antigos foi o templo maia Quiché.
Ali foram descobertos inúmeros
vestígios de civilizações distantes.
Em 1700 encontraram o "Popol-Vuh", livro sagrado dos maias-quiché, que relata uma das versões da origem do planeta e feitos
de divindades maias.
A escadaria frontal da igreja
Santo Tomás é o ponto de encontro de religiosos locais, que promovem cultos cristãos inserindo
rituais de grupos indígenas. O forte aroma do incenso e o dialeto incompreensível, que dá ritmo às
orações e aos pedidos de proteção, tornam a cerimônia mística.
Uma peculiaridade que impressiona os católicos tradicionais é a
aguardente que os fiéis oferecem
aos santos e divindades da igreja.
O povoado abriga ainda o museu do Jade, em cuja pequena sala
são guardadas preciosidades de
jade que datam de até 1000 a.C.
A pedra semipreciosa foi usada
pelos maias para esculpir as mundialmente conhecidas máscaras
fúnebres, além de outros objetos
religiosos e decorativos. A composição química proporciona à
pedra uma variedade de cores,
entre elas o verde, o preto e o rosa.
(FÁBIO MARRA)
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