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ITÁLIA-BRASIL
Ignorado pelos guias, endereço é ponto de partida para observar aspectos mais corriqueiros da cidade
Praça da República descortina Roma mais autêntica
BRUNO GARATTONI
NA ITÁLIA
Na capital da Itália, um bom
ponto de partida para colocar em
prática a expressão lugar-comum
dos "caminhos que levam a Roma" é a praça da República, a dez
minutos de caminhada da estação
ferroviária (Roma Termini).
Em geral ignorada pelos guias
turísticos, é o lugar ideal para observar os aspectos mais corriqueiros e ainda autênticos da cidade
sempre entulhada de turistas.
À sombra, bebendo uma cerveja no bar da praça -experimente
a local Nastro Azzurro, 3,60)-,
você perceberá que tudo está ao
seu redor: prédios de aspecto conservador e imponente, a beleza
coruscante das mulheres, as roupas alinhadas dos homens, o design dos carros italianos, que se
misturam a um enxame de lambretas para formar uma trilha sonora de pneus cantando, e xingamentos engraçados -38C de
uma atmosfera tão anárquica
quanto funcional.
Nada ilustra melhor essa dualidade do que as Termas de Diocleciano, dois quarteirões a leste da
praça da República. Inaugurada
há 1698 anos para servir a banhos
públicos, a construção abrigou,
até 1º de agosto, a obra de um dos
maiores ícones da Itália moderna
-o estilista Giorgio Armani.
O acervo, vindo do museu Guggenheim de Nova York, impressiona mesmo quem não gosta de
moda: agrupadas por característica estética (salão dos meios-tons,
salão das cores, salão de gala) e relevância cultural -o setor com os
trajes usados por celebridades
mostra cenas de filmes em que
eles apareceram-, as peças foram complementadas pela estrutura interna das termas, que a iluminação móvel e músicas incidentais ajudaram a ressaltar.
Na exploração dos pontos mais
turísticos de Roma, o Vaticano é a primeira referência irresistível, mas convém
deixar a visita para o segundo dia
de viagem: chegando cedo, você
tem melhores chances de evitar os
grupos de visitantes que atrapalham o passeio por lá. Já que à tarde o congestionamento de gente é
inevitável, vá direto à famosíssima Piazza di Spagna. Rodeada
por lojas e restaurantes caros, ela é
tão cheia que você dificilmente
conseguirá circular sem trocar esbarrões com turistas de toda parte
-o que não deixa de ser, a seu
modo, divertido.
A efervescência estrangeira na
Itália tem no comércio uma de
suas principais razões. Para entender o porquê, basta ir aos Mercati Traianei. Idealizada pelo imperador Trajano, essa área mercantil, hoje desativada, pode ser
considerada um dos primeiros
shopping centers do mundo.
Existe um saguão aberto à visitação, mas o melhor é se afastar um
pouco para entender a ousadia do
projeto, que, no século 2º, já reunia 150 lojas e escritórios.
Com fama de possuir a melhor
culinária do mundo, a Itália oferece muitas opções gastronômicas,
mas a primeira refeição deve ser
feita no Trastevere. Contenha a
gula para antes caminhar por esse
bairro, cujo contraste é instigante.
Na entrada, vielas e casas simplórias, mal conservadas, que
lembram cortiços. Em seguida,
uma surpresa: perto da igreja Santa Maria, uma escadaria leva à
parte alta de Trastevere, na rua
Garibaldi, tranqüila e luxuosa.
Depois disso, volte para os becos
estreitos e entre numa trattoria
para conhecer a pizza romana.
Além de ser o prato definidor da
cidade, ela tem uma vantagem: é
barata. Por apenas 6, mesmo
preço de um simples antepasto
(entrada), compra-se uma inteira.
A massa, mais fina e crocante do
que a feita em São Paulo, vem
acompanhada de coberturas ótimas -das quais a melhor é a clássica quatro queijos, com doses de
gorgonzola cuja generosidade
chega a espantar.
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