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SP-454
Aos 92, Diva Bresser refaz a história de sua família
Ela viajou o mundo todo e fica eufórica ao falar sobre o bisavô, que veio ao Brasil a convite de d. Pedro 1º
DA REPORTAGEM LOCAL
Preocupada, ela liga às 10h
para saber se a entrevista está
de pé. "Só queria confirmar se
você virá hoje mesmo", diz Diva
Bresser, 92, antes de explicar o
caminho até o seu prédio, numa rua do centro de São Paulo.
Meia hora depois, ela já
aguarda com as portas do apartamento abertas. A bisneta do
primeiro Bresser a pisar no
Brasil usa camisa de seda marrom bem claro -com flores
bordadas e laço no pescoço-,
saia e sapatos pretos, batom e
blush vermelhos.
"Estou pronta para a entrevista", diz, enquanto pega o livro "A Família Bresser na História de São Paulo", escrito por
ela em 2003, pede à acompanhante o álbum de fotografias
do lançamento da publicação e
abre uma caixa de fotos.
A euforia mora no orgulho de
Diva em falar da família, que
empresta seu nome a um bairro
e a uma rua de São Paulo.
Sem muitas preliminares, ela
dispara logo: "Meu bisavô, engenheiro, veio da Alemanha em
1838 a convite de d. Pedro 1º. É
dele a primeira planta da cidade de São Paulo", diz.
O bisavô de dona Diva se chamava Carlos Abrão Bresser e
chegou ao Brasil com 34 anos.
Não demorou para que ele
comprasse, de monges franciscanos e por sete contos de réis,
uma grande chácara no bairro
do Brás. A propriedade ocupava um terreno onde hoje fica,
entre outras, a rua Bresser.
Com a morte do bisavô, em
1856, foi o avô, Carlos Augusto
Bresser (1842-1915), que ficou
com a chácara, que por muito
tempo foi o símbolo da família.
Vereador em São Paulo, ele
decidiu que o então corredor do
Bresser passaria a se chamar
"rua Bresser". "E foi assim que
nosso nome foi parar lá", diz.
Saltando de geração em geração para explicar a relação da
família com a história de São
Paulo, dona Diva fala com orgulho do pai, Ismael Bresser
(1888-1945). "Ele era médico e
sabia qual era a doença de uma
pessoa só de olhar pra ela", diz.
Viagens
Dona Diva cresceu com quatro irmãos em uma casa com 22
cômodos, três carros, cinco
criados e um chofer, passeando
de "jóias, luvas e chapéus" pelas
ruas do Brás. Bonita e de família rica, pretendentes não faltaram para um ótimo casamento,
mas ela nunca quis.
"Queria viajar e não me arrependo. Conheço o mundo inteiro". Teve namorados? "Ah,
claro. Já deixei alguns moços
pegarem na minha mão."
(PPR)
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