São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

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SP-454

Aos 92, Diva Bresser refaz a história de sua família

Ela viajou o mundo todo e fica eufórica ao falar sobre o bisavô, que veio ao Brasil a convite de d. Pedro 1º

DA REPORTAGEM LOCAL

Preocupada, ela liga às 10h para saber se a entrevista está de pé. "Só queria confirmar se você virá hoje mesmo", diz Diva Bresser, 92, antes de explicar o caminho até o seu prédio, numa rua do centro de São Paulo.
Meia hora depois, ela já aguarda com as portas do apartamento abertas. A bisneta do primeiro Bresser a pisar no Brasil usa camisa de seda marrom bem claro -com flores bordadas e laço no pescoço-, saia e sapatos pretos, batom e blush vermelhos.
"Estou pronta para a entrevista", diz, enquanto pega o livro "A Família Bresser na História de São Paulo", escrito por ela em 2003, pede à acompanhante o álbum de fotografias do lançamento da publicação e abre uma caixa de fotos.
A euforia mora no orgulho de Diva em falar da família, que empresta seu nome a um bairro e a uma rua de São Paulo.
Sem muitas preliminares, ela dispara logo: "Meu bisavô, engenheiro, veio da Alemanha em 1838 a convite de d. Pedro 1º. É dele a primeira planta da cidade de São Paulo", diz.
O bisavô de dona Diva se chamava Carlos Abrão Bresser e chegou ao Brasil com 34 anos.
Não demorou para que ele comprasse, de monges franciscanos e por sete contos de réis, uma grande chácara no bairro do Brás. A propriedade ocupava um terreno onde hoje fica, entre outras, a rua Bresser.
Com a morte do bisavô, em 1856, foi o avô, Carlos Augusto Bresser (1842-1915), que ficou com a chácara, que por muito tempo foi o símbolo da família.
Vereador em São Paulo, ele decidiu que o então corredor do Bresser passaria a se chamar "rua Bresser". "E foi assim que nosso nome foi parar lá", diz.
Saltando de geração em geração para explicar a relação da família com a história de São Paulo, dona Diva fala com orgulho do pai, Ismael Bresser (1888-1945). "Ele era médico e sabia qual era a doença de uma pessoa só de olhar pra ela", diz.

Viagens
Dona Diva cresceu com quatro irmãos em uma casa com 22 cômodos, três carros, cinco criados e um chofer, passeando de "jóias, luvas e chapéus" pelas ruas do Brás. Bonita e de família rica, pretendentes não faltaram para um ótimo casamento, mas ela nunca quis.
"Queria viajar e não me arrependo. Conheço o mundo inteiro". Teve namorados? "Ah, claro. Já deixei alguns moços pegarem na minha mão." (PPR)


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