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CASADO NÃO ENTRA
Programação de pacotes "just for singles" inclui festas nas quais as mulheres têm que estar de branco
Viagens enturmam solteiros com gincanas
LUÍS PEREZ
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS (RJ)
"Estou aqui para fazer amigos e
conhecer gente diferente." Esse
discurso de fachada é comum entre participantes de viagens que
reúnem solteiros e têm o objetivo
-nem sempre explícito- de
unir casais com gincanas e festas
de integração em que as mulheres
devem vestir calça ou saia branca.
Mas às vezes a desproporção
homens/mulheres pode desanimar o sexo feminino. Numa viagem realizada pela Folha num fim
de semana, por exemplo, havia
132 mulheres para 59 homens, algo como 0,45 homem por mulher.
Conclusão: por menos Reynaldo Gianecchini que seja, o homem que se aventura em viagens
"just for singles" (só para solteiros) fica cobiçado. Mas eles também vão em busca da conquista,
na esperança de que a proporção
torne tudo mais fácil. Bobagem.
São elas que costumam conduzir
as conversas sem ceder, talvez por
estarem em "desvantagem".
Muitos dizem que escolheram o
programa para dispensar o trabalho de arrumar companhia de
viagem. Alguns contatos viram
namoro; nessa viagem específica,
cerca de dez casais se formaram.
Tais roteiros têm pessoas de todas as idades e profissões: médicos, economistas, arquitetos, comerciantes, dentistas, advogados,
jornalistas. A "festa" começa no
ônibus, continua com as palestras
sobre sexo e relacionamento (leia
texto na pág. F6), passa pelos jantares e termina em eventos como
a festa do Havaí, com direito a forró e músicas carnavalescas.
Flertes e olhares "gulosos" são
comuns. Uma conversa que começa com um clichê do tipo "Você vem sempre a viagens assim?"
flui bem até a descoberta de conhecidos em comum. Nessa hora,
o interlocutor se fecha, como se
ninguém pudesse saber de sua
participação numa viagem para
solteiros. Alguns chegam até a ficar irados ao descobrir que estão
conversando com um jornalista.
Promotora de vendas, Rose
Borges, 32, é uma das poucas pessoas que dão entrevista. "Estou
achando divertido demais", conta, acrescentando ter visto gente
de 20 a 60 anos. Rose viajou com
quatro amigas. Ela diz que não está em busca de namorado e que
não encontrou a pessoa certa. "Na
viagem ganhei sete telefones. O
assédio foi grande em cima de
nós", conta, na volta, sem se mostrar propriamente modesta. E
opina: "Não acho que seja viagem
para solitários desesperados".
Luís Perez, editor-assistente de Veículos e Construção, viajou a convite do
hotel do Bosque e da Terrazul Turismo & Eventos.
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