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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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Índios abriram trajeto calçado por escravos

DO ENVIADO ESPECIAL

Muito além das belezas naturais, a Trilha do Ouro esconde tesouros históricos da época colonial. O mais visível é o caminho de pedras construído por escravos.
Não há um consenso entre os historiadores sobre quando a via começou a ser aberta. Há textos que citam sua criação entre os séculos 17 e 18, durante o ciclo do ouro no Brasil (daí o seu nome).
Defensores dessa tese dizem que a trilha se tornou um caminho alternativo para escoar o ouro vindo de Minas Gerais e embarcado nos portos de Mambucaba e Parati para desviar as tropas de muares da casa de Quitar, responsável pela fiscalização do metal em Parati. No sentido inverso, subia peixe seco, farinha, cachaça e outros mantimentos então consumidos nas minas.
Mas outros livros atribuem a abertura ou melhora da trilha à fase de expansão das culturas de café, quando a região virou uma das mais produtivas do país.
O movimento teria sido intenso nos dois sentidos: descia a produção cafeeira e subiam os escravos para reforçar a mão-de-obra das fazendas produtoras de café.
Independentemente do período em que o caminho foi construído, sabe-se que sua origem está nas picadas abertas por tribos indígenas que viviam na região antes da chegada dos portugueses.
"Indivíduos da tribo guaianá usavam a trilha para suas viagens ao litoral com suas mulheres e seus filhos", afirma o historiador Francimar Pinheiro, especialista no caminho de Mambucaba.
Outros exemplos dos séculos de história que atravessaram a trilha são os casarões coloniais nas fazendas. Nos locais com bela vista, há construções lembrando pontos de vigia, possivelmente erguidos com o aumento da pressão do poder imperial pela fiscalização de ouro contrabandeado. (CA)

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