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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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ECOTURISMO COLONIAL

Para conseguir o título, Parati precisa de melhorias, como um sistema de tratamento de esgoto

Cidade não pode ser patrimônio mundial

DA ENVIADA ESPECIAL A PARATI (RJ)

O centro histórico de Parati (RJ), a 126 km de Ubatuba (SP), mostra que a cidade parou no tempo. Ruas estreitas calçadas de pedras irregulares, casarões antigos com telhas pintadas à mão e cornetas de bronze para escoar a água da maré alta que invade as ruas mais próximas do mar preservam o charme da cidade.
Apesar da data de fundação causar controvérsias -alguns historiadores dizem que foi entre 1540 e 1560, outros afirmam ter sido anos mais tarde, entre 1597 e 1606-, é quase senso comum que a origem do povoamento mais ostensivo se deveu ao sistema de capitanias hereditárias.
É também comum a informação de que no século 17 já havia paratienses e índios guaianases. Em 1640, o núcleo chamado Paratii foi transferido para onde está hoje o centro histórico. Vinte anos mais tarde, Paratii, como era conhecida, elevou-se à categoria de vila, após se separar de Angra dos Reis. E foi, aos poucos, tornando-se entreposto comercial devido à sua posição estratégica: no fundo da baía de Ilha Grande. Seu porto chegou a ser o segundo mais importante do país.
Com a abertura de estradas pelo Brasil, Parati foi perdendo importância, pois o acesso mais fácil à cidade era pelo mar. Se, por um lado, isso contribuiu para a decadência econômica da cidade, principalmente entre 1870 (quando foi inaugurada uma estrada de ferro que liga São Paulo ao Rio de Janeiro) e os anos 70 (com a abertura da rodovia Rio-Santos), foi fundamental para que fosse preservada a arquitetura da vila e os costumes da população.
A cidade foi considerada patrimônio estadual em 1945, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1958 e convertida em Monumento Nacional em 1966. Para ser tombada como patrimônio mundial, a cidade precisa de algumas melhorias, como implantar um sistema de tratamento de esgoto, inexistente na região.
As 128 casas do centro histórico abrigam ateliês, pousadas, restaurantes, lojas (algumas que vendem a cachaça feita nos sete alambiques do município) e casas residenciais. A cidade é procurada para servir de lar a estrangeiros e profissionais liberais.
O publicitário paulistano Nelson Speranza, 52, por exemplo, vive lá há cinco anos. Antes de chegar à cidade, ele morou em Monte Verde (MG), onde fazia e vendia artesanato, mas preferiu mudar-se para Parati "porque a cidade é mais animada".
O antigo porto é utilizado por pescadores e como ponto de partida para passeios de barco, muitos deles realizados por antigos pescadores, que trocaram sua atividade pelo turismo.
O timoneiro Arnaud da Cruz Conceição, 54, largou a pescaria para transportar viajantes há 30 anos. "O turismo é menos desgastante que a pesca", diz. Os passeios em traineiras adaptadas para o turismo custam, em média, R$ 25 por hora.
É uma forma segura, desde que o barco esteja de acordo com a lei, de conhecer as ilhas Sapeca, Catimbau e a praia do Lula, por exemplo, alguns pontos da baía de Parati. E de levar, de brinde, muita informação para casa, dada pelos caiçaras que levam turistas para passear. (MIRELLA DOMENICH)

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