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ECOTURISMO COLONIAL
Para conseguir o título, Parati precisa de melhorias, como um sistema de tratamento de esgoto
Cidade não pode ser patrimônio mundial
DA ENVIADA ESPECIAL A PARATI (RJ)
O centro histórico de Parati
(RJ), a 126 km de Ubatuba (SP),
mostra que a cidade parou no
tempo. Ruas estreitas calçadas de
pedras irregulares, casarões antigos com telhas pintadas à mão e
cornetas de bronze para escoar a
água da maré alta que invade as
ruas mais próximas do mar preservam o charme da cidade.
Apesar da data de fundação
causar controvérsias -alguns
historiadores dizem que foi entre
1540 e 1560, outros afirmam ter sido anos mais tarde, entre 1597 e
1606-, é quase senso comum
que a origem do povoamento
mais ostensivo se deveu ao sistema de capitanias hereditárias.
É também comum a informação de que no século 17 já havia
paratienses e índios guaianases.
Em 1640, o núcleo chamado Paratii foi transferido para onde está
hoje o centro histórico. Vinte
anos mais tarde, Paratii, como era
conhecida, elevou-se à categoria
de vila, após se separar de Angra
dos Reis. E foi, aos poucos, tornando-se entreposto comercial
devido à sua posição estratégica:
no fundo da baía de Ilha Grande.
Seu porto chegou a ser o segundo
mais importante do país.
Com a abertura de estradas pelo
Brasil, Parati foi perdendo importância, pois o acesso mais fácil à
cidade era pelo mar. Se, por um
lado, isso contribuiu para a decadência econômica da cidade,
principalmente entre 1870 (quando foi inaugurada uma estrada de
ferro que liga São Paulo ao Rio de
Janeiro) e os anos 70 (com a abertura da rodovia Rio-Santos), foi
fundamental para que fosse preservada a arquitetura da vila e os
costumes da população.
A cidade foi considerada patrimônio estadual em 1945, tombada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional em
1958 e convertida em Monumento Nacional em 1966. Para ser
tombada como patrimônio mundial, a cidade precisa de algumas
melhorias, como implantar um
sistema de tratamento de esgoto,
inexistente na região.
As 128 casas do centro histórico
abrigam ateliês, pousadas, restaurantes, lojas (algumas que vendem a cachaça feita nos sete alambiques do município) e casas residenciais. A cidade é procurada
para servir de lar a estrangeiros e
profissionais liberais.
O publicitário paulistano Nelson Speranza, 52, por exemplo,
vive lá há cinco anos. Antes de
chegar à cidade, ele morou em
Monte Verde (MG), onde fazia e
vendia artesanato, mas preferiu
mudar-se para Parati "porque a
cidade é mais animada".
O antigo porto é utilizado por
pescadores e como ponto de partida para passeios de barco, muitos deles realizados por antigos
pescadores, que trocaram sua atividade pelo turismo.
O timoneiro Arnaud da Cruz
Conceição, 54, largou a pescaria
para transportar viajantes há 30
anos. "O turismo é menos desgastante que a pesca", diz. Os passeios em traineiras adaptadas para o turismo custam, em média,
R$ 25 por hora.
É uma forma segura, desde que
o barco esteja de acordo com a lei,
de conhecer as ilhas Sapeca, Catimbau e a praia do Lula, por
exemplo, alguns pontos da baía
de Parati. E de levar, de brinde,
muita informação para casa, dada
pelos caiçaras que levam turistas
para passear. (MIRELLA DOMENICH)
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