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GALÍCIA
Prato nacional é perna de porco conservada em sal e cozida com folhas verdes de tubérculos, chamadas de grelos
Peregrinação também é gastronômica
DO ENVIADO ESPECIAL À GALÍCIA
Se sua peregrinação preferencial é pelas mesas, a porta de entrada da Galícia também é Santiago, embora você talvez encontre
seu prato principal num vilarejo
de uma centena de habitantes.
Suponha que você chegou a
Santiago moído por algo muito
pior que dias de caminhada sob o
sol europeu de julho: por exemplo, um vôo de classe econômica
com conexão. Após desmaiar numa cama, coma bem -e leve-
no Toñi Vicente, restaurante da
chef de mesmo nome, um dos
melhores de Santiago e, em certo
sentido, um dos melhores da Galícia (fica a dois minutos do centro histórico, rua Rosalía de Castro, 24, pratos a R$ 30).
Em certo sentido porque Toñi
faz alta cozinha, com toques hoje
já meio passadistas de nova cozinha, ao passo que a culinária galega é basicamente camponesa e
marinheira, com tentativas felizmente não muito profundas de
aburguesamento.
Toñi Vicente, nos casos mais
simples, fará por exemplo marinada de robalo ou vieiras com
abobrinha, numa tentativa de tornar leves e mais refinados alguns
temas da comida galega. Pode vir
também com pombos acompanhados de cogumelos e figos recheados de castanhas. Nos casos
mais radicais, vai apresentar sorvete de frutas com caldo de ostras.
Do outro lado do espectro culinário está aquilo que se tornou o
prato nacional galego: "lacón"
com grelos. Antes de mais nada,
explique-se que grelos são as folhas verdes dos tubérculos, no caso, grelos de nabo. "Lacón" é a
perna dianteira do porco conservada em sal, com uma capa de
gordura. A carne é cozida na água
com os grelos, batatas e chouriço.
Tente comer o prato em algum
lugar mais parecido com uma taberna, no interior. Talvez no mosteiro de Cebreiro, um vilarejo a
152 km de Santiago.
Na sobremesa, coma "membrillo" (marmelada) com queijo de
Cebreiro, de leite de vaca, de um
granulado cremoso, algo azedo,
lembrando até queijo de cabra. O
prato do dia, com caldo e sobremesa, sai por menos de R$ 15.
Com o "lacón" tome um Valdeorras, tinto ali mesmo da Galícia.
As cidades galegas são pequenas e, num médio ou bom hotel, a
gerência indica os bons restaurantes, sem risco de golpe. Os preços são um pouco mais baixos
que os das casas de São Paulo e do
Rio. Não deixe de comer e beber
bem na Galícia, ou perderá boa
parte da viagem.
No interior, a comida é baseada
no porco e tem o aspecto geral das
cozinhas regionais da Europa do
oeste, com cozidos e variada charcuteria. Complete as refeições
com os queijos com denominação de origem: o de Tetilla, de pasta mole em forma de mamilo, e o
de Arzúa-Ulloa.
(VTF)
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