São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2000


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GALÍCIA
Prato nacional é perna de porco conservada em sal e cozida com folhas verdes de tubérculos, chamadas de grelos
Peregrinação também é gastronômica

DO ENVIADO ESPECIAL À GALÍCIA

Se sua peregrinação preferencial é pelas mesas, a porta de entrada da Galícia também é Santiago, embora você talvez encontre seu prato principal num vilarejo de uma centena de habitantes.
Suponha que você chegou a Santiago moído por algo muito pior que dias de caminhada sob o sol europeu de julho: por exemplo, um vôo de classe econômica com conexão. Após desmaiar numa cama, coma bem -e leve- no Toñi Vicente, restaurante da chef de mesmo nome, um dos melhores de Santiago e, em certo sentido, um dos melhores da Galícia (fica a dois minutos do centro histórico, rua Rosalía de Castro, 24, pratos a R$ 30).
Em certo sentido porque Toñi faz alta cozinha, com toques hoje já meio passadistas de nova cozinha, ao passo que a culinária galega é basicamente camponesa e marinheira, com tentativas felizmente não muito profundas de aburguesamento.
Toñi Vicente, nos casos mais simples, fará por exemplo marinada de robalo ou vieiras com abobrinha, numa tentativa de tornar leves e mais refinados alguns temas da comida galega. Pode vir também com pombos acompanhados de cogumelos e figos recheados de castanhas. Nos casos mais radicais, vai apresentar sorvete de frutas com caldo de ostras.
Do outro lado do espectro culinário está aquilo que se tornou o prato nacional galego: "lacón" com grelos. Antes de mais nada, explique-se que grelos são as folhas verdes dos tubérculos, no caso, grelos de nabo. "Lacón" é a perna dianteira do porco conservada em sal, com uma capa de gordura. A carne é cozida na água com os grelos, batatas e chouriço.
Tente comer o prato em algum lugar mais parecido com uma taberna, no interior. Talvez no mosteiro de Cebreiro, um vilarejo a 152 km de Santiago.
Na sobremesa, coma "membrillo" (marmelada) com queijo de Cebreiro, de leite de vaca, de um granulado cremoso, algo azedo, lembrando até queijo de cabra. O prato do dia, com caldo e sobremesa, sai por menos de R$ 15. Com o "lacón" tome um Valdeorras, tinto ali mesmo da Galícia.
As cidades galegas são pequenas e, num médio ou bom hotel, a gerência indica os bons restaurantes, sem risco de golpe. Os preços são um pouco mais baixos que os das casas de São Paulo e do Rio. Não deixe de comer e beber bem na Galícia, ou perderá boa parte da viagem.
No interior, a comida é baseada no porco e tem o aspecto geral das cozinhas regionais da Europa do oeste, com cozidos e variada charcuteria. Complete as refeições com os queijos com denominação de origem: o de Tetilla, de pasta mole em forma de mamilo, e o de Arzúa-Ulloa. (VTF)


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