São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999 |
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PATAGÔNIA NEVADA A travessia é feita de barco e de ônibus Lagos Andinos dão banho de beleza
PAULO NAVES enviado especial ao Chile e à Argentina A travessia pelos Lagos Andinos, entre a argentina Bariloche e a chilena Puerto Montt, revela uma paisagem surpreendente. Sobre águas geladas, em meio a bosques intocados, o turista se depara com montanhas brancas de neve e vulcões adormecidos. O percurso, que envolve quatro viagens de ônibus e três de barco, dura aproximadamente um dia todo. É tempo suficiente para apreciar (e descansar) a vista. O viajante deve começar o passeio com um pedaço de pão na mão erguida para o céu. É assim que se atraem as gaivotas, que insistem em acompanhar o barco e alegrar as câmeras fotográficas. Depois de distrair os pássaros, é hora de acompanhar a mudança das cores do lago Nahuel Huapi até a chegada a Puerto Blest, de onde a cruzada segue de ônibus até Puerto Alegre. Daí, o curto trajeto de navegação sobre o lago Frías dura apenas 20 minutos -momento de buscar os reflexos da floresta na água cor-de-esmeralda, consequência do degelo que desce das altas montanhas. Dependendo da sorte e da neblina, é possível enxergar os picos nevados do monte Tronador, com seus 3.491 metros de altura e que divide a Argentina e o Chile. Na chegada a Puerto Frías, é preciso mostrar a documentação a "la aduanera" e dar adeus ao solo argentino. A viagem de ônibus agora tem a duração de quase duas horas, mostrando um lado chileno da Patagônia, o parque nacional Vicente Pérez Rosales, que soma mais de 75 lagos e 254 mil hectares. "Bem-vindos ao sul do fim do mundo", diz a guia turística, entre bambuzais e flores silvestres, referindo-se ao significado indígena do nome do país. O cansativo trajeto é compensado pelo almoço no hotel Peulla, de onde sai o barco de passeio mais longo, pelo lago Todos los Santos, passando por cachoeiras e vulcões. Depois de quase duas horas, a jornada chega a Petrohué e segue mais uma vez de ônibus até a cidade de Puerto Montt, via Puerto Varas. No caminho, uma última parada para apreciar de perto os saltos do rio Petrohué e o vulcão Osorno. A correria da viagem e a paisagem passageira lembram o texto "Amo a Mansidão...", do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973): "Na quietude das coisas eu descubro/ um canto enorme e mudo./ E quando elevo os olhos para o céu/ no estremecer das nuvens eu encontro,/ na ave que cruza o espaço e até no vento,/ a doçura que flui da mansidão". Paulo Naves viajou a convite da operadora Transatlantica Turismo. Texto Anterior: Qualquer viagem: Loiras, Elvis em latim e Papai Noel Próximo Texto: Puerto Montt exporta salmão Índice |
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