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RIO-SANTOS É FORTE
Monumento tem uma cúpula complexa, com três andares, para abrigar as peças de artilharia
Canhões de Copacabana disparam história
especial para a Folha
O forte de Copacabana, no Rio, é
provavelmente o mais famoso dos
fortes brasileiros. Ele abriga hoje o
Museu Histórico do Exército. Foi
construído de 1908 a 1914, equipado com poderosos canhões para a
época -dois de calibre 305 mm
em uma cúpula blindada, dois de
190 mm em outra cúpula blindada
e dois de 75 mm em torretas que
retraíam no interior do forte.
Quando ficou pronto, o forte era
o mais poderoso da América do
Sul. Foi o primeiro de concreto no
país.
Parte de sua guarnição foi protagonista do chamado "18 do Forte"
em 1922, uma revolta militar contra o governo. Os oficiais jovens
-principalmente tenentes- criticavam a nomeação pelo presidente Epitácio Pessoa de um civil
para o Ministério da Guerra (hoje
do Exército) e também protestavam contra Arthur Bernardes, o
candidato oficial que tinha sido
eleito à presidência da República.
O governo bombardeou o forte.
Os revoltosos, em número pequeno, fazem um último gesto de rebeldia -saem do forte, caminham
pela avenida Atlântica e são quase
mortos pelas forças legalistas.
Desde então, por ser o mais poderoso da ex-capital da República,
o forte esteve no centro de vários
episódios político-militares. Atirou contra o cruzador Tamandaré
durante os distúrbios políticos de
1955 (mas nenhum tiro acertou).
Museu do Exército
O forte foi transformado em museu em 1986. Novas exposições
abertas recentemente fazem dele o
melhor museu do Exército.
O museu, subordinado à diretoria de Assuntos Culturais do Exército, tem como objetivo preservar
a memória da força terrestre e de
sua inserção na sociedade brasileira, da qual a tumultuada história
do forte é um bom exemplo.
A cúpula dos canhões principais
de 305 mm é uma obra complexa,
dividida por três pavimentos básicos. No primeiro pavimento, no
térreo, está a plataforma de carregamento, contendo elevadores para a munição.
O segundo pavimento, ou câmara intermediária, contém os chamados "sarilhos" para transportar
para cima os projéteis e as cargas
explosivas.
O terceiro pavimento, a câmara
das baterias, inclui o posto de comando da cúpula, de onde se faz a
observação e a direção do tiro.
Mas atirar com um canhão assim
contra um alvo móvel e distante
como um navio inimigo exige
muito mais.
Outras salas do forte possuem
equipamento e pessoal dedicado a
realizar os complicados cálculos
matemáticos para que os projéteis
acertem o alvo a alguns quilômetros de distância. Ironicamente, é
um trabalho que exigia o trabalho
de várias pessoas e tomava tempo
-algo que qualquer computador
pessoal hoje realizaria em frações
de segundo.
Nem todos os canhões são visíveis de fora. Os de calibre 75 mm ficavam em cúpulas internas retráteis, Sul e Norte. Esses canhões
eram utilizados para a defesa próxima do forte.
Consta que em 5 de julho de 1922,
durante o episódio dos "18 do Forte", o então tenente Eduardo Gomes -o patrono da Aeronáutica- assumiu o comando da torre
Norte, chegando a disparar contra
alvos governistas.
Para quem duvida que o Rio é o
melhor lugar do país para ver canhões, existe no acesso ao forte, na
al. Otávio Correia, uma exposição
de canhões antigos com peças como um britânico Whitworth calibre 32 libras, típico da guerra do
Paraguai, ou um antitanque de 75
mm de calibre tomado dos alemães na Segunda Guerra.
O museu também inclui, fora do
forte, o salão Colônia-Império e o
salão República, mostrando o papel do Exército nos eventos da história do país.
Há mesmo um equipamento
multimídia, em português e inglês,
que informa sobre o conteúdo das
vitrinas e uma iluminação controlada por computador.
Aberto de terça-feira a domingo,
das 10h às 16h (fecha às segundas).
O ingresso custa R$ 2 e nas quartas
a entrada é franca.
(RICARDO BONALUME NETO)
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