São Paulo, Segunda-feira, 29 de Novembro de 1999


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NOVA ZELÂNDIA
Povo de origem polinésia que ocupou as ilhas vira atração turística
Maoris fazem show para inglês ver

do enviado à Nova Zelândia

Quem anda pelas ruas de Rotorua percebe logo que essa cidade cravada no centro da ilha norte tem algo de diferente do resto do país. Das placas e cartazes, sempre bilíngues, às carrancas esculpidas em madeira nas vitrines, nota-se que essa é a capital neozelandesa da cultura maori.
As tradições desse povo de origem polinésia estão presentes em rituais como o "hongi", saudação formal em que duas pessoas se cumprimentam tocando narizes, ou o "powhiri", dança para recepção de visitantes, em que o líder da tribo maori pergunta a um representante dos forasteiros se seu grupo vem em paz ou não.
Costumes como esses podem ser vistos nos vilarejos e centros de cultura maori que cercam a cidade, como a vila Temaki, que todas as noites recebe visitantes para uma apresentação de canções e jogos típicos.
Após o show, os visitantes comem uma comida preparada num "hangi", buraco feito no chão e aquecido a lenha, onde a comida é enterrada em camadas e coberta com pedras. No local, são feitos frango, peixe, carneiro, batata, cenoura e mexilhões. Acompanham o menu bebidas nada típicas: vinho, sucos e refrigerantes. A adaptação aos padrões do homem branco está ainda na forma de comer: não se come com as mãos na tradicional cumbuca de madeira chamada "rourou", mas em pratos e com talheres.
Se os jantares maoris foram influenciados pelos hábitos dos brancos, há ainda uma tradição que se mantém intacta: a produção de estátuas, esculturas e objetos de decoração de madeira.
Rotorua possui um instituto, o New Zealand Arts & Crafts Institute, onde jovens maoris são treinados na arte de esculpir em carvalhos usando cinzéis. A escola admite só três alunos por ano, que por três anos aprendem a fazer peças representando deuses, animais e outras pessoas.
"Entre os maoris, a escultura sempre foi uma forma de retratar a sociedade. Para o povo, tem o mesmo significado que a pintura tinha na Europa antes da fotografia", conta o maori Tuti Ngata, que trabalha no instituto.
Segundo ele, a diferença é que os escultores maoris nunca se preocuparam em ser fiéis às feições dos retratados. O resultado são estátuas de homens de cabeça grande e mãos com três dedos. "Tudo é simbólico. O tamanho da cabeça demonstra inteligência, e os três dedos representam nascimento, crescimento e morte."
Além da escultura de madeira, os maoris cultivam a arte de esculpir a pele. A tatuagem facial, ou "moko", é comum entre os chefes das cerca de cem tribos do país.
Considerada um símbolo de status, a tatuagem completa algumas vezes demora anos para ficar pronta, pois o processo é lento e doloroso. Depois de traçar com carvão o desenho, o tatuador usa um cinzel e um pequeno martelo para abrir os sulcos e colocar um pigmento, feito com resina de plantas, na face do tatuado.
Ainda no New Zealand Arts & Craft Institute, é possível conhecer o mais importante tipo de construção maori: o "marae", o centro de reuniões e debates da tribo, onde as decisões mais importantes são tomadas. De madeira, o "marae" tem duas paredes e colunas ornadas com esculturas, em geral faces de homens e animais com muitos olhos, elementos de proteção da tribo. (LCr)





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