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NOVA ZELÂNDIA
Povo de origem polinésia que ocupou as ilhas vira atração turística
Maoris fazem show para inglês ver
do enviado à Nova Zelândia
Quem anda pelas ruas de Rotorua percebe logo que essa cidade
cravada no centro da ilha norte
tem algo de diferente do resto do
país. Das placas e cartazes, sempre bilíngues, às carrancas esculpidas em madeira nas vitrines,
nota-se que essa é a capital neozelandesa da cultura maori.
As tradições desse povo de origem polinésia estão presentes em
rituais como o "hongi", saudação
formal em que duas pessoas se
cumprimentam tocando narizes,
ou o "powhiri", dança para recepção de visitantes, em que o líder
da tribo maori pergunta a um representante dos forasteiros se seu
grupo vem em paz ou não.
Costumes como esses podem
ser vistos nos vilarejos e centros
de cultura maori que cercam a cidade, como a vila Temaki, que todas as noites recebe visitantes para uma apresentação de canções e
jogos típicos.
Após o show, os visitantes comem uma comida preparada
num "hangi", buraco feito no
chão e aquecido a lenha, onde a
comida é enterrada em camadas e
coberta com pedras. No local, são
feitos frango, peixe, carneiro, batata, cenoura e mexilhões. Acompanham o menu bebidas nada típicas: vinho, sucos e refrigerantes.
A adaptação aos padrões do homem branco está ainda na forma
de comer: não se come com as
mãos na tradicional cumbuca de
madeira chamada "rourou", mas
em pratos e com talheres.
Se os jantares maoris foram influenciados pelos hábitos dos
brancos, há ainda uma tradição
que se mantém intacta: a produção de estátuas, esculturas e objetos de decoração de madeira.
Rotorua possui um instituto, o
New Zealand Arts & Crafts Institute, onde jovens maoris são treinados na arte de esculpir em carvalhos usando cinzéis. A escola
admite só três alunos por ano, que
por três anos aprendem a fazer
peças representando deuses, animais e outras pessoas.
"Entre os maoris, a escultura
sempre foi uma forma de retratar
a sociedade. Para o povo, tem o
mesmo significado que a pintura
tinha na Europa antes da fotografia", conta o maori Tuti Ngata,
que trabalha no instituto.
Segundo ele, a diferença é que
os escultores maoris nunca se
preocuparam em ser fiéis às feições dos retratados. O resultado
são estátuas de homens de cabeça
grande e mãos com três dedos.
"Tudo é simbólico. O tamanho da
cabeça demonstra inteligência, e
os três dedos representam nascimento, crescimento e morte."
Além da escultura de madeira,
os maoris cultivam a arte de esculpir a pele. A tatuagem facial, ou
"moko", é comum entre os chefes
das cerca de cem tribos do país.
Considerada um símbolo de
status, a tatuagem completa algumas vezes demora anos para ficar
pronta, pois o processo é lento e
doloroso. Depois de traçar com
carvão o desenho, o tatuador usa
um cinzel e um pequeno martelo
para abrir os sulcos e colocar um
pigmento, feito com resina de
plantas, na face do tatuado.
Ainda no New Zealand Arts &
Craft Institute, é possível conhecer o mais importante tipo de
construção maori: o "marae", o
centro de reuniões e debates da
tribo, onde as decisões mais importantes são tomadas. De madeira, o "marae" tem duas paredes e colunas ornadas com esculturas, em geral faces de homens e
animais com muitos olhos, elementos de proteção da tribo.
(LCr)
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