São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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centro-oeste

DO JAPÃO Sobá, massa ensopada servida com omelete, carne e cebolinha, foi introduzida pelos imigrantes japoneses vindos de Okinawa e virou prato típico

Macarrão oriental leva população a feira noturna

DA ENVIADA ESPECIAL A CAMPO GRANDE (MS)

O ambiente é abafado e ruidoso, a noite é quente, e todos brilham de suor. Diante de cada pessoa, uma cuia de macarrão ensopado fumegante. Com as primeiras garfadas, o calor só faz aumentar. Programa de índio? Quase. Programa de campo-grandense.
Pode parecer ruim, mas não é. Comer sobá na Feira Central é divertido e curioso.
Curioso porque tudo isso se dá à noite. A feira até funciona de dia, mas é vazia, grande parte das barracas abre com o cair da tarde. À noite, fica lotada. O motivo é um só: o calor, amenizado quando o sol sai de cena.
Ela fica fechada apenas às segundas e às quintas, dia de fazer faxina. De sexta a domingo, vai madrugada adentro; é possível comer um reconfortante sobá às 4h. Divertido porque todo mundo da cidade está lá. É uma espécie de pré-balada, balada e pós-balada.
O sobá é servido em barracas nas duas laterais da feira. O macarrão artesanal ensopado coberto com punhados de omelete cortado em fatias finas, carne e cebolinha vem nas porções pequena (R$ 7), média (R$ 8) e grande (R$ 9). A pequena vai bem para uma pessoa com apetite regular. Comilões se fartam com a média. E glutões conseguem encarar a grande.
Introduzido no cardápio da cidade pela colônia japonesa, o sobá é originalmente feito com carne de porco -de fato a melhor opção. Mas as barracas servem a variação com carne bovina, amada e idolatrada pela maioria campo-grandense.
A melhor barraca de sobá é a da Amélia. Mas há outras tantas muito boas. A dica dos locais para decidir onde comer é simples: vá nas mais cheias.
O cardápio das barracas não se restringe ao sobá. Há também yakissoba e espetinhos, que podem ser de contrafilé ou de filé mignon. Esses vêm acompanhados de mandioca cozida. A porção é de, em média, sete pedaços de carne. Os pedaços são maiores do que aqueles dos espetinhos de madeira. Os garçons das barracas servem três pedaços da carne e devolvem o espeto para a churrasqueira, para que a carne se mantenha quente. Um discreto sinal do cliente, e ele volta com os outros quatro pedaços de carne quentinhos.
Acostumados com o calor, os locais ficam à mesa tomando cerveja e conversando. Quem vem de lugares mais frescos pode se incomodar com o ambiente abafado e quente.
A via principal da feira, uma rua asfaltada, é cercada por barracas de feira regulares, que vendem legumes e frutas, e por aquelas dos japoneses -a maior parte da imigração japonesa em Campo Grande é de Okinawa-, que vendem tofu, gengibre e outros ingredientes cultivados por eles na região.
Há barracas de suco e de doce. Ao final da avenida, a feira fica mais larga e, nessa área, ficam as barracas de artesanato e bugigangas. O estacionamento custa R$ 2.
(HELOISA LUPINACCI)


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