São Paulo, segunda-feira, 30 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Uma refeição nesses restaurantes especializados em embutidos custa a partir de 12 por pessoa, sem contar o vinho

"Bouchons" servem pratos sem pompa

DO ENVIADO ESPECIAL À FRANÇA

Chamados "bouchons", os restaurantes típicos da região de Lyon são especializados em carne de porco, salames, salsichas, tripas etc. São em geral hospitaleiros e simples, mas sem aquela pompa tão associada aos restaurantes franceses (ainda que um restaurante hospitaleiro e simples na França seja bastante diferente do que é um restaurante hospitaleiro e simples na Bahia, por exemplo).
Uma das lendas associadas aos "bouchons" é que se tratava de casas onde o cavaleiro comia enquanto seu cavalo era escovado.
Nos da rua Saint Jean, come-se entrada (uma salada, por exemplo), primeiro prato (massa), segundo prato (carne) e sobremesa por preços que variam de 12 a 18. Pode-se escolher entre menus do dia, mais simples, embora contemplem todas as etapas da refeição, ou menus degustação, nos quais são servidas diversas pequenas porções em vez de apenas uma massa e uma carne.
Por estarem localizados na Velha Lyon, esses "bouchons" são frequentados mais por turistas do que por franceses. Caso você prefira se aventurar em restaurantes mais "verdadeiros", há dois "bouchons" famosos na rua Major Martin, ao lado da ópera: o Café de la Fédération e o Chez Paul.
Para uma incursão a uma gastronomia mais elaborada, uma boa dica é o Le Bouef d'Argent (www.leboeufdargent.com), na rua du Boeuf, 29. O próprio chef, Xavier Longin, com seus cabelos esvoaçantes à la Príncipe Valente, serve as mesas e retira os pedidos.
"Os garçons não sabiam explicar aos clientes o que eu cozinhava, então viviam na cozinha me perguntando. Achei melhor demitir todo mundo e explicar pessoalmente a quem quiser saber", diz o bem-humorado Xavier. Ele ficará especialmente feliz se você recusar o cardápio e pedir que ele sugira o seu jantar.
Em seu restaurante para pouco mais de 20 pessoas, Xavier serve pratos como escalope de foie gras com vinagre balsâmico de 60 anos, cogumelos negros na manteiga, patas de caranguejo da Bretanha e costela de boi assada no vinho por 24 horas. O menu ali custa por volta de 60.
Fora o vinho, é claro, acompanhamento obrigatório dos pratos franceses. O chef adora sugeri-los, mas tome cuidado com os preços. Alguns chegam a custar o dobro da refeição. Quanto aos refrigerantes, é um pedido arriscado. Franceses em geral torcem o nariz para eles. Já os cozinheiros franceses, estes podem ter um chilique.

Etiqueta à mesa
À mesa, não é difícil acertar os talheres de diversas formas e tamanhos. Basta pegar primeiro os que estão por fora, mais distantes do prato.
Nem tudo é tão simples: dar o seu toque pessoal na refeição à sua frente requer uma estratégia. Os chefs franceses consideram a comida que cozinharam uma obra de arte. E, apesar de você ter pago caro por ela, ela só passa a ser realmente sua quando já tiver descido ao estômago.
Portanto, se você achar que aquele peixe pode ficar melhor com pimenta, não peça "a pimenta, por favor". Seja delicado e pergunte: "Esse peixe também ficaria bom com um pouco de pimenta?". Dessa forma, sua orelha não ficará vermelha. (IVAN FINOTTI)


Texto Anterior: Jogadores preferem comida brasileira
Próximo Texto: Paladar é premiado com cardápio de chef
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.