|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Uma refeição nesses restaurantes especializados em embutidos custa a partir de 12 por pessoa, sem contar o vinho
"Bouchons" servem pratos sem pompa
DO ENVIADO ESPECIAL À FRANÇA
Chamados "bouchons", os restaurantes típicos da região de
Lyon são especializados em carne
de porco, salames, salsichas, tripas etc. São em geral hospitaleiros
e simples, mas sem aquela pompa
tão associada aos restaurantes
franceses (ainda que um restaurante hospitaleiro e simples na
França seja bastante diferente do
que é um restaurante hospitaleiro
e simples na Bahia, por exemplo).
Uma das lendas associadas aos
"bouchons" é que se tratava de casas onde o cavaleiro comia enquanto seu cavalo era escovado.
Nos da rua Saint Jean, come-se
entrada (uma salada, por exemplo), primeiro prato (massa), segundo prato (carne) e sobremesa
por preços que variam de 12 a
18. Pode-se escolher entre menus
do dia, mais simples, embora contemplem todas as etapas da refeição, ou menus degustação, nos
quais são servidas diversas pequenas porções em vez de apenas
uma massa e uma carne.
Por estarem localizados na Velha Lyon, esses "bouchons" são
frequentados mais por turistas do
que por franceses. Caso você prefira se aventurar em restaurantes
mais "verdadeiros", há dois "bouchons" famosos na rua Major
Martin, ao lado da ópera: o Café
de la Fédération e o Chez Paul.
Para uma incursão a uma gastronomia mais elaborada, uma
boa dica é o Le Bouef d'Argent
(www.leboeufdargent.com), na
rua du Boeuf, 29. O próprio chef,
Xavier Longin, com seus cabelos
esvoaçantes à la Príncipe Valente,
serve as mesas e retira os pedidos.
"Os garçons não sabiam explicar aos clientes o que eu cozinhava, então viviam na cozinha me
perguntando. Achei melhor demitir todo mundo e explicar pessoalmente a quem quiser saber",
diz o bem-humorado Xavier. Ele
ficará especialmente feliz se você
recusar o cardápio e pedir que ele
sugira o seu jantar.
Em seu restaurante para pouco
mais de 20 pessoas, Xavier serve
pratos como escalope de foie gras
com vinagre balsâmico de 60
anos, cogumelos negros na manteiga, patas de caranguejo da Bretanha e costela de boi assada no
vinho por 24 horas. O menu ali
custa por volta de 60.
Fora o vinho, é claro, acompanhamento obrigatório dos pratos
franceses. O chef adora sugeri-los,
mas tome cuidado com os preços.
Alguns chegam a custar o dobro
da refeição. Quanto aos refrigerantes, é um pedido arriscado.
Franceses em geral torcem o nariz
para eles. Já os cozinheiros franceses, estes podem ter um chilique.
Etiqueta à mesa
À mesa, não é difícil acertar os
talheres de diversas formas e tamanhos. Basta pegar primeiro os
que estão por fora, mais distantes
do prato.
Nem tudo é tão simples: dar o
seu toque pessoal na refeição à
sua frente requer uma estratégia.
Os chefs franceses consideram a
comida que cozinharam uma
obra de arte. E, apesar de você ter
pago caro por ela, ela só passa a
ser realmente sua quando já tiver
descido ao estômago.
Portanto, se você achar que
aquele peixe pode ficar melhor
com pimenta, não peça "a pimenta, por favor". Seja delicado e pergunte: "Esse peixe também ficaria
bom com um pouco de pimenta?". Dessa forma, sua orelha não
ficará vermelha.
(IVAN FINOTTI)
Texto Anterior: Jogadores preferem comida brasileira Próximo Texto: Paladar é premiado com cardápio de chef Índice
|