São Paulo, segunda-feira, 30 de dezembro de 2002

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Região, que tem os melhores vinhos do sul da França, abriga universidade que forma enólogos e oferece cursos ao turista

Enófilo se esbalda à beira do rio Ródano

DO ENVIADO ESPECIAL À FRANÇA

Para quem aprecia vinho de qualidade superior, viajar a qualquer região da França é um prazer e, na região de Ródano-Alpes, é possível apreciar o melhor da vitivinicultura do sul do país.
Côte-du-Rhone é a denominação genérica para todos os vinhos da região do rio Ródano, sejam eles tintos ou brancos.
Para degustá-los, convém visitar pelo menos uma das centenas de caves espalhadas pela região, listadas no site www.vins-rhone.com, no qual há diversos endereços e roteiros de produtores.
Especialistas na terminologia digna de um Baco sóbrio descrevem os vinhos tintos do Ródano como "de sabor intenso e concentrado". Os melhores são "profundos e longos", semelhantes a alguns dos famosos da região de Bordeaux. As uvas utilizadas são basicamente duas: a syrah, no norte, e a grenache, no sul. Os preços podem variar de 4 a 40.
Uma forma diferente de experimentar um Côte-du-Rhone é visitar a Universidade do Vinho. Ela funciona no castelo Suze-La-Rousse, do século 12, num vilarejo de mesmo nome localizado ao sul de Lyon (que fica a cerca de duas horas de carro), no Departamento de Drôme.
Ali são ministrados cursos para estudantes do mundo inteiro, que ficam até oito meses hospedados no castelo ou no vilarejo para ganhar um diploma. Há sempre 120 estudantes no local.
"Na França, o trabalho de um enólogo é tão importante que seu diploma tem o mesmo peso do de um cientista ou de um médico", garante Jacques Avril, responsável pela programação da escola.
"A diferença entre o sommelier e o enólogo é que o primeiro está próximo do consumidor e o segundo, do produtor", ensina.
"O sommelier conhece a geografia vinícola, sabe que ligação cada vinho tem com cada tipo de comida e trabalha administrando caves ou num restaurante. Já o enólogo é o profissional que domina a arte da fermentação."
A grande gafe é chamar um enólogo de enófilo, este último o amante do vinho sem diploma. "Eles ficam furiosos", diz.
O enólogo Laurent Martinez, professor da universidade, explica as dificuldades que o leigo enfrenta para entender do assunto. "De nossos cinco sentidos, usamos basicamente três na degustação: o paladar, o tato e o olfato. Mas esses três juntos correspondem a apenas 5% do que usamos normalmente, enquanto a audição é responsável por 25% e a visão, por 70%."
"Nas degustações, usamos copos escuros, para que a visão não atrapalhe. E tem gente que confunde vinho branco com tinto", diz Martinez, desconsolado.
Para o turista interessado, o melhor é estar em grupo, pois os cursos ou degustações que levam um único dia têm preço fixo, partindo de 895.
Com oito pessoas, a visitação fica cara, mas um grupo de 30 vai pagar o mesmo, diminuindo bastante o valor individual.
A programação das atividades oferecidas pela universidade pode ser pesquisada no seu site: www.universite-du-vin.com.
(IVAN FINOTTI)


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