São Paulo, domingo, 3 de maio de 1998

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Pesquisa determina perfil e espaço


da Reportagem Local

Os autores de novelas da Globo afirmam que pesquisas podem determinar os perfis e o espaço dado aos personagens.
A emissora possui uma central de pesquisas para avaliar o "recall" de seus programas.
Os dados coletados pela central são tratados como segredo de estado dentro da emissora e servem como termômetro das ficções da Globo.
Manoel Carlos, autor de "Por Amor", afirma que leva em conta os resultados de todas as pesquisas "oficiais ou não".
"Sou um autor que escuta a voz das ruas. As pesquisas despertam meu interesse, mas em nenhum momento sou obrigado a segui-las", afirma.
O autor cita os personagens Nando e Milena, de "Por Amor", para ilustrar sua ligação com a opinião popular. "Ao sentir que a dupla seduzia a audiência, aumentei a participação deles na trama."
Já Silvio de Abreu, explica que as pesquisas medidas pela Globo não aconselhavam a inclusão dos personagens Jefferson e Sandrinho, de "A Próxima Vítima" (exibida em 95), como homossexuais.
"A pesquisa dizia que eles não deveriam ser homossexuais, por causa do estereótipo do homossexual marginal, maneiroso ou afetado", comenta.
Para Abreu, a pesquisa lhe mostrou como deveria ser o tratamento dado ao casal gay. "A pesquisa serve para revelar de que maneira posso passar a minha idéia."
Abreu afirma que, antes de tudo, ao levantar polêmicas em novelas, o autor se vê obrigado a "peitar a sociedade".
"Já há pessoas ligando diariamente para a Globo, reclamando da Christiane Torloni e da Silvia Pfeifer (que viverão um casal homossexual em "Torre de Babel', próxima das oito)."



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