São Paulo, domingo, 8 de fevereiro de 1998

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Russo viveu a história da Globo

Rosane Bekierman/Folha Imagem
O assistente de palco Russo, fantasiado de enfermeira, com a apresentadora Xuxa


ANNA LEE
da Sucursal do Rio

Russo, 66, que hoje trabalha na Rede Globo como assistente de palco em programas de auditório, entre eles "Planeta Xuxa" e "Domingão do Faustão", testemunhou, dos bastidores, a história da televisão brasileira.
Ele, que é responsável pelos microfones e instrumentos musicais, começou a trabalhar na TV em 1951, quando entrou no ar a primeira emissora do Rio e a segunda do país, a TV Tupi do Rio.
"Precisava trabalhar para ajudar meus pais. Pedi a um amigo que trabalhava na TV Tupi para ser seu ajudante. No início, não ganhava nada, mas fui ficando e acabei contratado", conta Russo, que, naquela época, ainda era apenas Antônio Pedro de Souza e Silva.
O apelido ele ganhou de Chico Anysio, quando foi convidado pelo humorista para fazer uma participação no programa dele, também na TV Tupi. "Ele começou a me chamar de Russo e pegou, ninguém nunca mais me chamou de Antônio."
Na mesma época, Russo também conheceu Chacrinha, que comandava um programa na rádio Tamoio, que funcionava no mesmo prédio da TV Tupi. "O programa do Chacrinha começava às 23h30. Então eu acabava meu trabalho na TV, no quarto andar, e descia para o segundo, para brincar com ele."
Russo lembra que foi com Chacrinha que aprendeu a "fazer do trabalho uma brincadeira". "Quando ele foi para a televisão, comecei a vestir fantasias, assim como faço hoje no programa da Xuxa", lembra Russo, que, durante a entrevista, muitas vezes trocou, sem querer, a palavra trabalhar por brincar.
Brincando, Russo passou também pelas TVs Excelsior, Continental e Rio, até chegar à Globo, onde está há 30 anos. Viu ascensões e decadências. "Eu estava no prédio da Globo quando aconteceu um incêndio, em 1976. Fiquei desesperado, tentando salvar meus microfones."
Russo diz que não gosta de citar nomes de artistas com os quais trabalhou e acabou se tornando amigo, porque pode se "esquecer de alguém". De qualquer forma, não esconde que Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que de 1977 até o fim do ano passado foi o principal executivo da Globo) "foi sempre um amigo muito especial". "Sempre pude contar com ele. Se precisava de dinheiro, pedia um vale. Ele nunca negava."
Russo conta com orgulho que tem três famílias, sete filhas e três netos. A sua terceira mulher tem 22 anos e está grávida de seis meses. Mesmo assim, vive sozinho numa casa alugada no Méier (zona norte do Rio). "Eu não ligo para essa coisa de casa. Gosto mesmo é de ficar aqui na emissora. Mesmo nos meus dias de folga, venho para cá para fazer manutenção do meu material."



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