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MINISSÉRIE
Globo estréia nesta quarta-feira produção em três capítulos com
direção do gaúcho Jorge Furtado
"Luna Caliente" mistura amor, obsessão e morte
da sucursal do Rio
DEPOIS de dirigir "Agosto" e "Memorial de Maria Moura", o gaúcho
Jorge Furtado se prepara para, na próxima quarta, às 21h40, estrear a minissérie
"Luna Caliente", na Globo. Nas palavras
do diretor, diferente de suas antecessoras, este é um trabalho enxuto, "sem
enrolação".
"Em uma minissérie com 20 ou 30 capítulos, você é obrigado a ser redundante, alongar os acontecimentos um pouco.
Em "Luna", com apenas quatro e depois
três capítulos, fomos sucintos, incisivos",
explica Furtado.
Ser sucinto não é exatamente um problema para o diretor. Ele estreou nos cinemas com o curta-metragem "Ilha das
Flores", que foi premiado em diversos
festivais pelo mundo, e, desde então, já
dirigiu mais de dez obras no gênero.
Sendo uma série com apenas três capítulos, "Luna Caliente", assim como "O Auto da Compadecida", é uma espécie de curta-metragem das minisséries. "Eu adoro esse formato. É o que poderia gerar um
longa-metragem com facilidade."
A história de "Luna Caliente" é um sonho antigo de
Furtado, que conta ter lido o livro, escrito pelo argentino Mempo Giardinelli, em 1983 e, desde essa época, ficou imaginando como seria filmá-lo.
"A história é muito visual. Eu ficava imaginando os
enquadramentos, as sequências. Demorei para adaptá-lo porque os direitos estavam para ser vendidos a produtores mexicanos. Por uma grande sorte a negociação
deles deu errado, e nós finalmente conseguimos", conta
o diretor.
A trama
Furtado ficou fascinado com a história de amor, obsessão e morte de Ramiro (Paulo Betti), um homem maduro que, depois de oito anos morando na França, vem
para o Brasil.
Ele janta na casa do amigo Bráulio (Tonico Pereira) e
acaba dormindo lá. Durante a madrugada, entra no
quarto da filha do amigo, Elisa (Ana Paula Tabalipa), e
faz sexo com ela. Durante a relação, a moça desiste e,
para evitar que ela grite, Ramiro a asfixia, matando-a.
Desesperado, para fugir à culpa do assassinato, acaba
matando Bráulio. Só então descobre que
Elisa não morreu e começa a ser perseguido pela moça.
O crime passa a ser investigado pelo
inspetor de polícia Monteiro (Paulo José), que tenta pegar Ramiro. A trama vai
sofrendo reviravoltas e desemboca em
um final surpreendente.
Para Betti, a graça de Ramiro está na
forma como ele mesmo não consegue se
enxergar como um assassino. "As pessoas fazem coisas nas quais elas mesmas
não acreditam. Ele é traído pelos próprios instintos e vai se enrolando na trama."
"É uma história de desespero que é o
inverso de "Auto", que era uma comédia
luminosa. "Auto" era céu, "Luna" é o inferno", compara.
Furtado foi exigente na escolha do
elenco. Escalou Ana Paula Tabalipa, que
só tinha no currículo trabalhos em "Malhação" e como modelo, após testar 50
meninas. Depois de escolhida, Ana Paula chegou um mês antes do resto do elenco e ensaiou todas as suas cenas criteriosamente.
O maior desafio para a atriz foram as
cenas de nudez e sexo com Paulo Betti.
Ela diz que não faz o tipo gostosona e
que, antes do teste para o papel, quando
soube que haveria cenas de nudez, chegou a desistir.
Só quando leu o livro, Ana Paula mudou de idéia. "Percebi que era um trabalho de atriz, de composição, de entrega.
No início, eu não conseguia nem tirar a
blusa, mas fui me sentindo melhor."
Inicialmente, "Luna Caliente" iria ao ar na semana seguinte a "Auto da Compadecida", exibida pela Globo
em janeiro deste ano. Mas, com a sucessão de jogos e
campeonatos e a recusa da emissora em apresentar a série entrecortada por futebol, a exibição foi sendo adiada
indefinidamente.
Até algumas diretrizes foram alteradas. Ana Paula Tabalipa inicialmente ficaria fora do ar até a exibição da
série. Mas, com os adiamentos sucessivos, acabou sendo liberada pela direção da emissora para aparecendo
na minissérie "Chiquinha Gonzaga" e em um episódio
do seriado "Mulher".
(ALEXANDRE MARON)
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