São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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Scooby-doo dá uma prova de seu carisma ao ganhar a tela grande

JOSÉ AGUIAR
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Depois de mais de 30 anos frustrando planos de bandidos vestidos de fantasma ou monstro, a trupe de combatentes do crime mais inusitada da história dos desenhos animados ganhou o cinema, numa versão com atores e um cão digital.
"Scooby-doo", o filme, em cartaz nos cinemas brasileiros, é a celebração do carisma do protótipo de mauricinho Freddy, da patricinha Daphne, da "nerd" Welma, do esfomeado Salsicha e, claro, de um cão da raça Great Dane, que dá o título da série.
Por sinal, o estrambólico nome do cachorrão surgiu quando um produtor da rede americana CBS ouviu o seguinte trecho da música "Strangers in the Night" de Frank Sinatra: "dooby dooby doo". Antes disso, a série se chamaria "Whos S-s-s-s-cared?" (Quem está comm-m-m-edo?).
Essa primeira versão do desenho, criada pelo desenhista IwaoTakamoto e pelos roteiristas Ken Spears e Joe Ruby, foi recusada pela emissora, que o achou por demais sombrio. Rebatizado o projeto, Scooby, de coadjuvante, tornou-se o astro. Decisão acertada, tanto que é um dos desenhos mais longevos da historia da televisão.
Foi no dia 13 de setembro de 1969 que a "Máquina do Mistério", o furgão psicodélico da trupe, fez sua primeira viagem. De lá para cá, foram nove diferentes versões. Na mais estapafúrdia de todas, de 1972, o desenho contou com convidados ilustres: Os Três Patetas, O Gordo e o Magro, a Família Adams, King Kong (!) e até Batman e Robin.
Isso sem falar nas várias séries de adolescentes acompanhados por animal falante (Tutubarão, Gloober...) que surgiram na cola de "Scooby-doo". Até mesmo o Bionicão, cão-robô do Falcão Azul, nada mais é do que uma variante de Scooby.
Apesar da fórmula batida ao extremo, e até das especulações maldosas que rondam a turma (Fred e Daphne teriam um caso mal resolvido, Welma seria lésbica e Salsicha, chegado num entorpecente, razão de sua aparência anêmica e do apetite descomunal), o desenho resiste até hoje, e pode ser visto na programação do Cartoon.
Outra frase eternizada na memória dos fãs foi cortesia do veterano dublador Mário Monjardim: "Scooby-Doo, cadê você, meu filho?". Num lance de criatividade, ele quem deu um sotaque meio nordestino ao personagem Salsicha (cujo nome original, Shaggy, significa descabelado), assegurando seu carisma por aqui.
Fato raro, no mundo da dublagem, tanto ele como Orlando Drumond (o Seu Peru da "Escolinha do Professor Raimundo") fazem as vozes dos personagens desde a primeira versão. Drumond, além das vozes de ilustres como o marinheiro Popeye e Alf, entre tantos, é o próprio Scooby. A ponto de ser quase inconcebível imaginar o personagem com a voz de outra pessoa.


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