THIAGO STIVALETTI
da Reportagem Local

A TV aberta está cada vez mais buscando atrações de baixo custo e pequeno risco em seus programas de auditório. A nova tendência é apostar em cantores-revelação lançados no próprio palco.
A Globo investe atualmente em Júnior -que será lançado pela gravadora Continental como Mano Júnior-, cantor brasiliense de 21 anos que vendeu sua TV por R$ 100 e, há dois meses, embarcou para o Rio com o objetivo de se apresentar no "Planeta Xuxa".
Acabou conseguindo ao levantar um cartaz na platéia do "Domingão do Faustão" do dia 4 de julho e, dos seis programas que foram ao ar desde aquela data, participou de cinco.
"O Júnior é uma alternativa ao excesso de axé, sertanejo e pagode no programa", diz Alberto Luchetti, diretor do "Domingão". Segundo o empresário de Júnior, Cássio Sabatini, o cantor recebeu um cachê de R$ 1.000 por sua primeira apresentação no programa.
A música mais tocada por Júnior, "Jura", é hit nas rádios cariocas. Ela foi composta pelo grupo Cheiro da Terra, outra revelação do "Domingão". Luchetti convenceu o grupo a desistir de dar a música para o sertanejo Daniel e entregá-la a Júnior.
Segundo Luchetti, o contrato de Júnior com a Globo "pode ser entendido como de exclusividade": apesar de ter ido ao "Sem Limites para Sonhar", de Fábio Júnior, na Record, o cantor não pode aparecer em nenhuma outra emissora aos domingos, dia de maior disputa de audiência.

Programa próprio
Passo maior foi dado por Thais Pina, menina de 11 anos de Camboriú (SC). Há dois meses, seu pai e empresário, Maurício Pina, a levou para cantar no "Festa do Mallandro", na CNT/ Gazeta.
A Record gostou e acabou chamando Thais para participar do "Sem Limites para Sonhar", de Fábio Júnior. O programa, que tem média de 10 pontos de audiência, teve pico de 15 enquanto ela estava no ar. Cada ponto equivale a 80 mil telespectadores na Grande São Paulo.
No último dia 3, o apresentador a chamou para cantar pela segunda vez e a surpreendeu com um contrato da emissora.
A Record já promete a Thais um programa próprio. Ela deve apresentar um infantil na faixa das 12h às 13h a partir de setembro.
"Os cantores consagrados aparecem sem parar na TV enquanto estão divulgando seus discos e depois somem. Por isso gostamos das novas atrações", diz Leonor Corrêa, diretora do "Sem Limites" e irmã de Fausto Silva. "E o público gosta de acompanhar uma carreira desde o início."
As emissoras não costumam revelar os valores envolvidos nos contratos, mas a idéia é simples: enquanto cantores famosos como os sertanejos Chitãozinho & Xororó cobram muito por um contrato de exclusividade e nem sempre dão o retorno de audiência esperado (caso do programa dominical "Amigos & Amigos"), as revelações custam muito menos.
Se derem o retorno de audiência esperado, continuam no ar e não dão trabalho aparecendo nos programas do concorrente. Se não funcionam, são descartados sem grandes prejuízos.
A favor das emissoras, também funciona a sua influência no mercado musical: as gravadoras enchem os novos cantores de convites porque eles já apareceram na TV, contribuindo para a divulgação de suas músicas nas rádios.
"Sempre lancei cantores novos em meu programa, e agora fazem esse estardalhaço", esbraveja o apresentador Raul Gil.
Ele lançou, entre outros, o grupo Camisa de Vênus, Mara Maravilha e Simony. Recentemente, descobriu Danny Boy (garoto que imita Gugu Liberato e foi contratado pelo SBT) e a banda mirim Molecada. "Isso indica que meu trabalho dá certo."




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