São Paulo, Domingo, 18 de Abril de 1999
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É FANTÁSTICO!

Mágicos gaúchos fazem Mister M sumir e acham isso inacreditável

LÉO GERCHMANN
em Porto Alegre

De uma das avenidas mais movimentadas do centro de Porto Alegre, em uma minúscula loja localizada embaixo de um viaduto e especializada em jogos e brincadeiras de mágica, saiu a força misteriosa que há um mês fez com que a Rede Globo tirasse do ar os quadros estrelados pelo mágico Mister M dentro do programa "Fantástico".
Em um determinado momento, quatro ilusionistas, reunidos na Tony Mágicas, a loja 14 do viaduto Otávio Rocha, deram vazão à sua revolta e fundaram a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico.
Foi o primeiro passo. Em seguida, contrataram um escritório de advocacia. Os advogados então conseguiram uma liminar que impede a apresentação do "Mister M" com seus quadros semanais revelando como são feitos os truques de ilusionismo.
"Derrotar a Rede Globo foi uma verdadeira mágica", afirma o vice-presidente da associação, Paulo Roberto Martins, 50, o mágico Tio Tony.
Animador de festas, promotor de cursos sobre mágica e dono da pequena loja que serve como sede da associação, Tony estufa o peito para relatar o feito, conseguido junto com os colegas Vitor Hugo Cardia, 50, José Benedito Galdieri, 58, e Sérgio Schneider, 50.
"O direito de expressão termina quando há abuso de um direito. A Globo ignorou uma profissão. Não enganamos ninguém, fazemos arte cênica. A essência do nosso trabalho é o mistério. Querem terminar com o lúdico", diz Tony.
Durante seus shows, agora Tony ouve vaias e xingamentos de crianças que, pela TV, passaram a conhecer os truques.
A associação define o quadro apresentado desde dezembro por Mister M no "Fantástico" como "violação de sigilo profissional" que "destrói o mistério da magia".
A juíza Gisele Picos concordou. "Havia perigo de demora e dano ao direito. O mágico vive desses truques. Havia risco de perda de interesse por parte do público. O risco de prejuízo era sério", disse ela, justificando a liminar que concedeu e deu início à proibição do quadro.


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