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MEMÓRIA
Cinemateca guarda o que restou das imagens da Tupi
Emissoras atuais buscam preservar seus
acervos a fim de não ter destino semelhante
ao das redes do passado; hoje, só restam seis
capítulos de "Estúpido Cupido", da Globo,
não há mais registro de "Os Ossos do Barão", da mesma emissora, e o programa "Jovem Guarda", da Record, conta com poucas
cópias disponíveis.
DA REPORTAGEM LOCAL
AS imagens que restam da Tupi chegaram à Cinemateca Brasileira em
85. "Quando a emissora faliu, seu patrimônio foi repassado à Previdência Social, por pagamentos atrasados, e o Ministério da Cultura nos entregou. O que
sobrou do acervo está aqui. Temos muito
material de telejornalismo, como o "Repórter Esso", mas muita coisa foi perdida
na emissora, porque não havia controle
de quem consultava as fitas", afirma Carlos Roberto de Souza, coordenador do
acervo da Cinemateca.
O acervo possui raridades como capítulos das novelas "Beto Rockefeller"
(1968-69), "Mulheres de Areia" (1973-74), a primeira luta profissional do então
Cassius Clay, em 60, e uma palestra de
Carlos Lacerda, em 67, sobre a criação da
Frente Ampla. Produções mais antigas
são registradas em película, as mais novas foram vertidas para fitas de VHS.
Até o final do ano, a cinemateca pretende inaugurar uma sala climatizada e
moderna para abrigar o acervo da Tupi.
Mauro Alencar, doutorando da USP e
pesquisador da Globo, diz que não apenas as da Tupi, mas várias outras produções se perderam.
"Não resta mais qualquer registro de
"Redenção" (Excelsior), a mais longa novela brasileira, com 596 capítulos. "O Cafona", da Globo, também não existe mais,
nem "Os Estranhos" (Excelsior), com Pelé, ou a primeira telenovela diária do
país, "2-5499 Ocupado" (Excelsior)."
Carlos Zara, que foi diretor de teledramaturgia da TV Record e da TV Excelsior, lamenta que não haja mais registros
de atrações como "Grande Teatro Record", mas não atribui a perda dessas
imagens ao pouco caso. "A maior parte
do que sumiu não foi por culpa de ninguém, era falta de dinheiro. As fitas eram
caras, eles tinham que apagá-las para
gravar um novo programa em cima."
Entre as redes atuais, a Globo possui
um dos maiores acervos de programas
da TV brasileira. Seu centro de documentação foi criado em 1976 e conta
com boa parte de seus programas, novelas e noticiários.
Só no departamento que cuida do
acervo do jornalismo da emissora, há
cerca de 150 mil fitas de reportagens e
noticiários, além de quase 70 mil filmes,
com reportagens feitas desde 65, quando
foi fundada a emissora. "Recebemos
cerca de mil pedidos de fitas antigas por
dia, vindos da produção de todos os programas da Globo", conta Raquel Brandão, diretora do Cedoc, o centro de documentação da emissora.
A Cultura é outra que mantém arquivado boa parte de seu acervo, de mais de
30 anos, em mais de 60 mil fitas. O arquivo dispõe até de algumas fitas reunindo
material da Excelsior, guardado, mas
não catalogado.
Por outro lado, há emissoras que praticamente não têm memória. A Gazeta,
fundada há 30 anos, quase não tem arquivos com sua programação. No seu
acervo, estão apenas alguns programas
em comemoração a datas especiais e cenas da inauguração da emissora.
(BRUNO GARCEZ E CLÁUDIA CROITOR)
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