São Paulo, Domingo, 30 de Janeiro de 2000


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AUDIÊNCIA
Programas de sucesso nos EUA e em canais pagos não conseguem repetir a boa performance nas grandes redes
Seriados da TV paga "afundam" na TV aberta

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL

S UCESSO entre os jovens norte-americanos, a série "Dawson's Creek" estreou na Globo no último dia 15 -até então, a atração só era exibida no Brasil pelo canal pago Sony. Os dois primeiros episódios tiveram uma audiência média de 12 pontos, o suficiente para garantir à emissora a liderança no horário. Entre os destaques do programa está a atriz Katie Holmes, também conhecida pelas participações nos filmes "Vamos Nessa" e "Tempestade de Gelo".
Todos esses atributos, porém, não são suficientes para garantir que a série tenha vida longa na Globo. "Buffy, a Caça-Vampiros", série exibida pela emissora em 98, também tinha qualidades parecidas: a audiência (média entre 10 e 12 pontos), a estrela (Sarah Michelle Gellar, a Buffy, estrelou filmes como "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado" e "Segundas Intenções") e o horário (assim como "Dawson's", "Buffy" também passava no início das tardes de sábado).
Mas a caçadora de vampiros não teve sorte na TV aberta: foi exibida por algumas semanas e eventualmente volta ao ar nas madrugadas da emissora. Os telespectadores da Globo que quiseram continuar a acompanhar a história tiveram de migrar para a TV por assinatura -"Buffy" é exibida até hoje pelo canal Fox.
"Buffy" é apenas uma das séries que, apesar do sucesso em outros países e nas TVs pagas, acabam fracassando na TV aberta, mesmo quando protagonizadas por estrelas de Hollywood.
"Friends", a comédia de maior audiência na TV dos EUA e um dos maiores sucessos do canal Sony no Brasil, tem uma média pífia de Ibope na Rede TV! -menos de dois pontos. Atores de seu elenco podem ser vistos em vários filmes, como "Pânico", "Máfia no Divã" e "Perdidos no Espaço".
"Louco por Você" ("Mad about You", sitcom exibida no Brasil pelo canal Sony), com a atriz Helen Hunt e o comediante Paul Reiser, passou em três emissoras na TV aberta do Brasil: Globo (1994), Bandeirantes (1995) e Canal 21 (1998). Em cada um dos canais foram exibidos sempre os mesmos episódios, das primeiras temporadas da série. As transmissões cessaram sem que os telespectadores acompanhassem, por exemplo, o nascimento da filha do casal de protagonistas do programa, Paul e Jamie Buchman, que ocorreu num episódio em que Bruce Willis fez uma ponta.
Prêmios também não são garantia de sucesso. "Ally McBeal" (Fox), série vencedora de dois Globos de Ouro, teve sua primeira temporada exibida pela Bandeirantes, em 1998. A atração tinha média de 2 pontos de audiência (cada ponto equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo). Na mesma época, ela era vista por cerca de 10 milhões de pessoas nos Estados Unidos.
Em alguns casos, esse tipo de programa acaba servindo apenas para "tapar buracos" na programação das emissoras abertas. Em 1998, por exemplo, a Globo exibia "Plantão Médico" somente nos dias em que não havia horário político ou jogos de futebol.

Sitcoms
No ano passado, a Bandeirantes passou a produzir, em parceria com a Columbia TriStar International Television, duas sitcoms inspiradas em atrações norte-americanas: "Santo de Casa..." (baseada em "Who"s the Boss?", produzida nos EUA entre 1984 e 1992) e "A Guerra dos Pintos" (versão nacional de "Married... with Children").
O curioso é que a mesma emissora já levou ao ar, entre 1994 e 1996, a original "Um Amor de Família" ("Married... with Children", exibida no Brasil pela Sony), mas optou pela versão brasileira.
Segundo Antonio Athayde, vice-presidente da emissora, os programas norte-americanos foram tirados do ar por falta de audiência. Ele diz que não se pode comparar a programação da TV aberta com a da TV por assinatura. "TV paga não precisa de audiência, eles têm as mensalidades dos assinantes", afirma.
Para Athayde, é preciso adaptar o formato desse tipo de atração ao gosto do público brasileiro, o que explica o investimento da emissora nas sitcoms brasileiras. Para este ano, Bandeirantes e Columbia já fizeram pilotos de novas sitcoms, também baseadas em programas norte-americanos. Existe ainda a idéia de se fazer uma sitcom a partir de um argumento original, brasileiro.



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