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AUDIÊNCIA
Programas de sucesso nos EUA e em canais pagos não conseguem repetir
a boa performance nas grandes redes
Seriados da TV paga "afundam" na TV aberta
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL
S UCESSO entre os jovens norte-americanos, a série "Dawson's
Creek" estreou na Globo no último dia 15
-até então, a atração só era exibida no
Brasil pelo canal pago Sony. Os dois primeiros episódios tiveram uma audiência
média de 12 pontos, o suficiente para garantir à emissora a liderança no horário.
Entre os destaques do programa está a
atriz Katie Holmes, também conhecida
pelas participações nos filmes "Vamos
Nessa" e "Tempestade de Gelo".
Todos esses atributos, porém, não são
suficientes para garantir que a série tenha vida longa na Globo. "Buffy, a Caça-Vampiros", série exibida pela emissora
em 98, também tinha qualidades parecidas: a audiência (média entre 10 e 12 pontos), a estrela (Sarah Michelle Gellar, a
Buffy, estrelou filmes como "Eu Sei o
Que Vocês Fizeram no Verão Passado" e "Segundas Intenções") e o horário (assim como "Dawson's", "Buffy"
também passava no início das tardes de sábado).
Mas a caçadora de vampiros não teve sorte na TV
aberta: foi exibida por algumas semanas e eventualmente volta ao ar nas madrugadas da emissora. Os telespectadores da Globo que quiseram continuar a
acompanhar a história tiveram de migrar para a TV por
assinatura -"Buffy" é exibida até hoje pelo canal Fox.
"Buffy" é apenas uma das séries que, apesar do sucesso em outros países e nas TVs pagas, acabam fracassando na TV aberta, mesmo quando protagonizadas por
estrelas de Hollywood.
"Friends", a comédia de maior audiência na TV dos
EUA e um dos maiores sucessos do canal Sony no Brasil, tem uma média pífia de Ibope na Rede TV! -menos
de dois pontos. Atores de seu elenco podem ser vistos
em vários filmes, como "Pânico", "Máfia no Divã" e
"Perdidos no Espaço".
"Louco por Você" ("Mad about You", sitcom exibida
no Brasil pelo canal Sony), com a atriz Helen Hunt e o
comediante Paul Reiser, passou em três emissoras na
TV aberta do Brasil: Globo (1994), Bandeirantes (1995)
e Canal 21 (1998). Em cada um dos canais foram exibidos sempre os mesmos episódios, das primeiras temporadas da série. As transmissões cessaram sem que os
telespectadores acompanhassem, por
exemplo, o nascimento da filha do casal
de protagonistas do programa, Paul e Jamie Buchman, que ocorreu num episódio em que Bruce Willis fez uma ponta.
Prêmios também não são garantia de
sucesso. "Ally McBeal" (Fox), série vencedora de dois Globos de Ouro, teve sua
primeira temporada exibida pela Bandeirantes, em 1998. A atração tinha média de 2 pontos de audiência (cada ponto
equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo). Na mesma
época, ela era vista por cerca de 10 milhões de pessoas nos Estados Unidos.
Em alguns casos, esse tipo de programa acaba servindo apenas para "tapar
buracos" na programação das emissoras
abertas. Em 1998, por exemplo, a Globo
exibia "Plantão Médico" somente nos
dias em que não havia horário político
ou jogos de futebol.
Sitcoms
No ano passado, a Bandeirantes passou a produzir, em parceria com a Columbia TriStar International Television,
duas sitcoms inspiradas em atrações
norte-americanas: "Santo de Casa..."
(baseada em "Who"s the Boss?", produzida nos EUA entre 1984 e 1992) e "A
Guerra dos Pintos" (versão nacional de
"Married... with Children").
O curioso é que a mesma emissora já
levou ao ar, entre 1994 e 1996, a original
"Um Amor de Família" ("Married...
with Children", exibida no Brasil pela
Sony), mas optou pela versão brasileira.
Segundo Antonio Athayde, vice-presidente da emissora, os programas norte-americanos foram tirados do
ar por falta de audiência. Ele diz que não se pode comparar a programação da TV aberta com a da TV por assinatura. "TV paga não precisa de audiência, eles têm as
mensalidades dos assinantes", afirma.
Para Athayde, é preciso adaptar o formato desse tipo
de atração ao gosto do público brasileiro, o que explica
o investimento da emissora nas sitcoms brasileiras. Para este ano, Bandeirantes e Columbia já fizeram pilotos
de novas sitcoms, também baseadas em programas
norte-americanos. Existe ainda a idéia de se fazer uma
sitcom a partir de um argumento original, brasileiro.
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