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SOB SUSPEITA
Prefeito de Caçapava também pode ser chamado para explicar notas fiscais adulteradas
CEI vai convocar chefe de gabinete
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
free-lance para a Folha Vale
A CEI (Comissão Especial de
Inquérito) da Câmara de Caçapava que investiga uma suposta
adulteração de notas fiscais por
servidores da prefeitura vai convocar o chefe de gabinete do prefeito Paulo Roitberg (PT), Paulo
Rogério Martins Toledo, para depor sobre cinco notas suspeitas de
terem sido fraudadas.
Segundo o presidente da CEI,
José Afonso (PFL), outros membros do primeiro escalão deverão
ser chamados, entre os quais o
próprio Roitberg. "Mas isso (a
convocação de Roitberg) ainda
será decidido pela CEI", disse.
Para aprovar a convocação de
Roitberg e do primeiro escalão
petista, a oposição conta com três
dos cinco votos da CEI. Além do
presidente, integram a oposição o
relator Norival Lopes (PFL) e o
membro Saburo Ariki (PTB).
Toledo será chamado para explicar porque cinco notas fiscais
incluídas na prestação de contas
do gabinete divergem dos valores
lançados no talão original.
As notas foram emitidas por
um restaurante de São José dos
Campos no período de 5 a 23 de
fevereiro, no valor de R$ 150 cada,
equivalente a oito refeições.
As notas chamaram a atenção
dos vereadores porque, apesar de
emitidas num intervalo de 18 dias,
apresentavam numeração sequencial - de 15.389 a 15.393.
"Em 18 dias, o restaurante não
vendeu refeição para mais ninguém, só para a prefeitura?",
questionou Afonso.
Na segunda-feira, Afonso, Lopes e o presidente da Câmara, José Maria Lanfredi (PFL), foram ao
restaurante verificar o talão original. Segundo eles, as notas originais tinham valores que variavam
de R$ 2,10 a R$ 10.
O comerciante não quis entregar o talão aos vereadores, que
vão aprovar hoje, na primeira
reunião da CEI, o envio de ofício
pedindo a entrega dos documentos. "Se ele não entregar, vamos
recorrer à Justiça", disse Afonso.
A assessoria da prefeitura disse
que o caso será investigado pela
sindicância aberta na segunda.
Toledo afirmou que as notas são
referentes a almoços com empresários. "Estive várias vezes nesse
restaurante e em outros também
para tratar de investimentos em
Caçapava", disse.
Segundo ele, outros membros
do governo também almoçaram
no restaurante, inclusive Roitberg. "Ele esteve algumas vezes lá
sim, mas não posso dizer se foi
nesses dias", afirmou.
Ele afirmou que os valores lançados nas notas fiscais enviadas à
Câmara foram efetivamente gastos e justificou os valores iguais
dizendo que eram almoços agendados, com o preço acertado previamente com o restaurante.
Ele disse que vai determinar um
levantamento de todas as notas
sob suspeita. "Vamos levantar cada caso e encaminhar as explicações à Câmara", disse.
Segundo ele, não há teto para
gasto com refeições e as notas são
utilizadas para reembolso das
despesas, que são pagas por alguém da prefeitura. "Eu mesmo
já paguei algumas vezes", disse.
A Folha tentou falar com o dono do restaurante, mas ele não foi
encontrado. Um funcionário -
que identificou o proprietário
apenas como Benedito -, disse
que ele não trabalha no período
da tarde e que não tem telefone.
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