São José dos Campos, Quinta, 5 de agosto de 1999

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SOB SUSPEITA
Prefeito de Caçapava também pode ser chamado para explicar notas fiscais adulteradas
CEI vai convocar chefe de gabinete

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
free-lance para a Folha Vale

A CEI (Comissão Especial de Inquérito) da Câmara de Caçapava que investiga uma suposta adulteração de notas fiscais por servidores da prefeitura vai convocar o chefe de gabinete do prefeito Paulo Roitberg (PT), Paulo Rogério Martins Toledo, para depor sobre cinco notas suspeitas de terem sido fraudadas.
Segundo o presidente da CEI, José Afonso (PFL), outros membros do primeiro escalão deverão ser chamados, entre os quais o próprio Roitberg. "Mas isso (a convocação de Roitberg) ainda será decidido pela CEI", disse.
Para aprovar a convocação de Roitberg e do primeiro escalão petista, a oposição conta com três dos cinco votos da CEI. Além do presidente, integram a oposição o relator Norival Lopes (PFL) e o membro Saburo Ariki (PTB).
Toledo será chamado para explicar porque cinco notas fiscais incluídas na prestação de contas do gabinete divergem dos valores lançados no talão original.
As notas foram emitidas por um restaurante de São José dos Campos no período de 5 a 23 de fevereiro, no valor de R$ 150 cada, equivalente a oito refeições.
As notas chamaram a atenção dos vereadores porque, apesar de emitidas num intervalo de 18 dias, apresentavam numeração sequencial - de 15.389 a 15.393.
"Em 18 dias, o restaurante não vendeu refeição para mais ninguém, só para a prefeitura?", questionou Afonso.
Na segunda-feira, Afonso, Lopes e o presidente da Câmara, José Maria Lanfredi (PFL), foram ao restaurante verificar o talão original. Segundo eles, as notas originais tinham valores que variavam de R$ 2,10 a R$ 10.
O comerciante não quis entregar o talão aos vereadores, que vão aprovar hoje, na primeira reunião da CEI, o envio de ofício pedindo a entrega dos documentos. "Se ele não entregar, vamos recorrer à Justiça", disse Afonso.
A assessoria da prefeitura disse que o caso será investigado pela sindicância aberta na segunda.
Toledo afirmou que as notas são referentes a almoços com empresários. "Estive várias vezes nesse restaurante e em outros também para tratar de investimentos em Caçapava", disse.
Segundo ele, outros membros do governo também almoçaram no restaurante, inclusive Roitberg. "Ele esteve algumas vezes lá sim, mas não posso dizer se foi nesses dias", afirmou.
Ele afirmou que os valores lançados nas notas fiscais enviadas à Câmara foram efetivamente gastos e justificou os valores iguais dizendo que eram almoços agendados, com o preço acertado previamente com o restaurante.
Ele disse que vai determinar um levantamento de todas as notas sob suspeita. "Vamos levantar cada caso e encaminhar as explicações à Câmara", disse.
Segundo ele, não há teto para gasto com refeições e as notas são utilizadas para reembolso das despesas, que são pagas por alguém da prefeitura. "Eu mesmo já paguei algumas vezes", disse.
A Folha tentou falar com o dono do restaurante, mas ele não foi encontrado. Um funcionário - que identificou o proprietário apenas como Benedito -, disse que ele não trabalha no período da tarde e que não tem telefone.



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