São José dos Campos, Terça, 20 de julho de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LEGISLATIVO
CEI pode ser arquivada evitando a cassação de David Praxedes (PMDB)
Vereador sob investigação renuncia em Ubatuba

MAURÍCIO BARBOSA
da Folha Vale

O vereador David Praxedes (PMDB), de Ubatuba, acusado de corrupção e que estava afastado do cargo por determinação judicial, renunciou oficialmente ontem ao mandato.
A carta da renúncia foi protocolada no início da tarde de ontem na Câmara. Com isso, a segunda CEI (Comissão Especial de Inquérito) instaurada contra ele poderá ser arquivada.
O vereador chegou a ser preso em outubro de 97, quando foi pego em flagrante em uma praça acusado de receber R$ 2.000 de um empresário para aprovar o projeto que previa o serviço de mototáxi na cidade.
Uma CEI foi instaurada na Câmara para apurar o caso e o relatório final considerou as denúncias procedentes, sugerindo sua cassação.
Praxedes foi absolvido na votação do relatório, mas foi afastado do cargo por ordem da Justiça, já que o flagrante na praça originou um inquérito policial.
"Não há dúvida de que ele renunciou para não ser cassado, para não perder seus direitos políticos e para se candidatar novamente", disse o vereador Andrade Henrique dos Santos (PFL), relator da CEI que está em fase de conclusão.
Segundo Santos, os trabalhos de investigação e depoimentos já foram concluídos e o relatório que seria apresentado na próxima semana "poderia pedir a cassação" de Praxedes.
O relator explicou que a continuidade da CEI deverá ser definida hoje durante uma reunião com o presidente da comissão, João Maziero (PSDB), e com o jurídico da Câmara.
A segunda investigação contra Praxedes foi iniciada há três meses, quando ele apresentou uma denúncia de corrupção envolvendo dez vereadores da cidade, que teriam recebido dinheiro para alterar a lei de uso do solo.
O caso está na Justiça e os acusados também correm o risco de serem afastados de suas funções.

Culpa
O advogado Alberto Luís Mendonça Rollo, contratado pelos vereadores acusados, disse que leu a carta da renúncia, em que, segundo ele, Praxedes reconhece sua culpa.
Para Rollo, os integrantes da CEI podem continuar as investigações contra o denunciante. Ele citou o exemplo do ex-presidente Fernando Collor, que renunciou em 92 antes do impeachment e mesmo assim teve os direitos políticos cassados.
Tanto Praxedes como seu advogado, Vicente Pagliuso, não foram localizados ontem para comentar o assunto.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.