São José dos Campos, Sexta, 27 de agosto de 1999

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SOB SUSPEITA
Gerente de empreiteira afirma que perdeu R$ 600 mil em obra que é investigada pela Câmara
Anel viário deu prejuízo, diz Serveng

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
free-lance para a Folha Vale

A obra da quarta etapa do anel viário de São José dos Campos, investigada por uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) que apura indícios de superfaturamento, deu um prejuízo de R$ 600 mil à empreiteira Serveng Civilsan, segundo o gerente da empresa na cidade, Francisco de Assis Barbosa.
A CEI da Serveng investiga as causas do reajuste no preço da obra, que foi contratada por R$ 3,3 milhões, mas custou à prefeitura R$ 5,1 milhões, 53% a mais que o valor do projeto original.
A empreiteira obtém em média um lucro entre 4% e 5% em obras viárias, de acordo com o gerente da empresa.
O secretário municipal de Governo, Antonio Alwan, disse ontem que não pretende comentar as declarações do gerente da Serveng Civilsan.
Barbosa deve ser incluído na lista de diretores da empresa que devem prestar depoimento à CEI no próximo dia 6.
O gerente afirmou que o prejuízo foi causado pelo atraso de nove meses na entrega da obra, concluída em outubro do ano passado, devido a problemas na retirada de linhas fibra ótica, energia e água.
Segundo Barbosa, o aumento nos custos ocorreu porque a obra foi licitada há três anos somente com os itens do projeto básico, formulado há 25 anos.
"Com a readequação realizada no projeto executivo, foram incluídos diversos serviços adicionais, que não estavam previstos", afirmou.
O mesmo argumento foi utilizado por funcionários da prefeitura de São José que depuseram na segunda-feira à CEI para justificar a diferença nos valores.
A exemplo da Prefeitura de São José, Barbosa desqualificou os motivos da investigação.
"Acredito que seja um problema de ordem política. Com relação aos contratos, não existe absolutamente nada. Está tudo transparente", disse.
O presidente da Câmara, Jorley Amaral (PFL), disse que a declaração de Barbosa foi "infeliz".
"A CEI não é técnica, política ou administrativa. É um instrumento de fiscalização do Legislativo, embora alguns vereadores tentem fazer dela um palco político", afirmou.

Inquérito
O delegado Agnaldo Fracaroli, assistente da Delegacia Seccional de São José, abriu ontem o inquérito para investigar se a relatora da CEI, Dulce Rita (PSB), reteve irregularmente documentos enviados pela prefeitura.
A acusação foi feita ao Ministério Público pelas integrantes da CEI Flávia Camargo (PSN) e Amélia Naomi (PT).



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