Reestilizada, picape da Ford chega por R$ 97 mil; versão com motor "flex" está longe de virar realidade

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Forte chuva num final de tarde na rodovia Castello Branco. O número de carros na pista aumenta a cada quilômetro no retorno a São Paulo.
Na faixa da esquerda, nenhum carro arrisca ficar à frente. Se o objetivo era deixar a nova Ford Ranger com cara de má, conseguiram.
Mas reestilização é sempre reestilização. Mesmo benfeita, não criou um carro novo nem um propulsor novo.
Na pista, o motor 3.0 turbodiesel de 163 cv mostra por que não foi retirado da Ranger. O teste Folha-Mauá revela que continua ágil nas retomadas.
Os números de aceleração comprovam as boas arrancadas. Mérito do torque alto, de 38,7 kgfm, já a 1.600 rpm.
A picape enfrentou com traquilidade terrenos difíceis, com lama e poças d'água, escolhidos a dedo pela reportagem.
A tração é acionada por um botão no painel e permite sair do 4x2 para duas opções de 4x4 (normal ou reduzida).
Por fora, a Ranger está menos barroca: perdeu os vincos laterais em busca de um design mais moderno. Ganhou lanternas traseiras translúcidas e maçanetas do EcoSport.
Com para-choque de aço estampado, a dianteira cresceu e abusa dos cromados. As caixas de roda também abandonaram o composto plástico.
Na parte interna, há novos bancos de tecido ou de couro, e maior uso de preto. O grafismo do painel também mudou.
A Ford diz que a inspiração veio do Fusion, com alterações que melhoraram um acabamento quase sempre espartano das picapes. Do sedã, porém, só veio a cor: o "preto dos olhos".

Preço
A versão avaliada, a LTD cabine dupla, caiu de R$ 103.940 para R$ 96.730. A rival Chevrolet S10 sai por R$ 95.916.
Já a versão de entrada (XL 4x2, cabine simples, a gasolina) custa R$ 45,9 mil, mais barata que a Fiat Strada cabine dupla.
Assim como no Focus, produzido na Argentina, de onde vem a Ranger, uma versão "flex" vai demorar. "O investimento ainda não vale a pena", afirma Wilson Vasconcellos, gerente de marketing da Ford.