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Selo à venda
Chancela do Inmetro é
vendida por R$ 50 e instituto
diz que falsificação é normal;
Denatran não mudará resolução
203 que regulamenta capacetes
FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Esse é quente, doutor." Assim começou a negociação para
comprar o selo holográfico do
Inmetro (Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial), que certifica os capacetes usados pelos
motociclistas desde 1986.
Desde o dia 1º, quando entrou em vigor a resolução 203
do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), lojas de peças
e acessórios para motos estão
abarrotadas de clientes atrás de
capacetes certificados (veja
quadro). Isso para evitar a infração grave que gera multa de
R$ 127,69 e leva cinco pontos
da carteira de habilitação, segundo o artigo 244 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro).
"Isso é moleza. É só pagar
R$ 50 pelo selo do Inmetro e R$
8 pelas quatro faixas reflexivas", dizia o mesmo vendedor,
que trabalha na rua General
Osório, centro de São Paulo, e
preferiu não se identificar.
Mesmo sem garantia de que
receberia os R$ 50, saiu da loja
e retornou em poucos minutos
com um selo novo em folha.
"Pode olhar. Ele [o selo] é "zero-quilômetro". Nunca foi usado."
Além do selo holográfico do
Inmetro, a chancela trazia números seqüenciais referentes
ao modelo do capacete e letras
que dizem respeito à licença
expedida pelo Inmetro.
O escrito NBR 7471 também
estava lá. Ele refere-se à portaria 86 do Inmetro, de 2002, que
estabelece as normas para realização de testes de durabilidade e conformidade em capacetes nacionais e importados.
Mas o que a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo) tem a ver com isso?
Segundo o Inmetro, ela é um
dos certificadores de capacetes.
Capacete novo
Outro vendedor deu nova
idéia: "É só comprar um capacete baratinho, desses de R$ 45,
tirar o selo e colar no seu. Nenhum guarda vai desconfiar". É
claro que ele também preferiu
não falar o nome à Folha.
Algumas empresas que importam capacetes, já sabendo
que a resolução entraria em vigor neste mês, pararam de importar seus produtos por alguns meses. É o caso da Controlflex, que importa os cascos
da marca Yohe, que hoje já estão certificados pelo Inmetro e
trazem o selo na parte traseira.
O instituto propôs ao Denatran (Departamento Nacional
de Trânsito) que orientasse as
autoridades de trânsito a aconselhar os motociclistas a imprimir de seu site (veja abaixo) a
lista dos capacetes certificados.
Essa relação deve ser guardada com o documento da moto.
A dica serve também para
quem quer ter certeza de que
está comprando um capacete
que realmente tem a chancela
do instituto. A lista dos produtos está no site do Inmetro, e a
resolução 203, no do Denatran.
INTERNET
www.inmetro.gov.br/prodcert/produtos/lista.asp
www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/Resolucao203-06.pdf
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