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CRÉDITO FÁCIL
Parcela "eterna" tende a se juntar à nova
Emendar financiamentos compromete orçamento por mais tempo; Banco VW cobra intermediária anual
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Puxada pelo aumento da
oferta de financiamentos, a indústria automobilística registrou, em julho, um aumento de
9,4% nas vendas de veículos
novos em comparação com junho, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O total acumulado de vendas
no ano chega a 1,3 milhão de
unidades -ou 26,6% a mais do
que no mesmo período de
2006. Nesse cenário favorável,
também a produção avançou: o
mercado interno tem compensado a queda das exportações,
causada pelo dólar barato.
Aproveitando-se do cenário
econômico sem sobressaltos,
as financeiras oferecem grande
flexibilidade de negociação -o
que aumenta a tentação de fechar negócio. Mas é preciso
sempre ter em mente que,
quanto menores as parcelas e
mais longo o prazo de parcelamento, maior o preço final.
No primeiro semestre deste
ano, o plano médio de financiamento, pelos dados da Anef
(Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), foi de 41 meses -em
2005, eram 36 meses. Mas a
maioria das instituições já oferece planos de 60, 72 e até 84
meses, caso do recém-lançado
financiamento da Ford.
Com o parcelamento altamente estendido, os braços financeiros das montadoras
atraem os consumidores não
apenas com as parcelas baixas
mas também com a expectativa
de, antes mesmo de quitar as
prestações, poder entrar em
um novo financiamento de um
carro zero-quilômetro.
"O cliente não precisa esperar os 84 meses para trocar o
carro. Ele pode negociar a troca
por um modelo novo antes desse prazo, mantendo sempre um
Ford zero na garagem", diz
Ivan Nakano, gerente de marketing de varejo da fábrica.
Juros contra
Para o economista Fabiano
Calil, isso nem sempre é um
bom negócio: "Os juros sempre
estão contra você. Se já está
comprometido com um financiamento, o melhor é tentar
quitar o quanto antes as parcelas. Entrar em outro apenas
manterá seu orçamento amarrado por mais tempo".
Por isso, de acordo com Calil,
planejador financeiro pessoal
com a chancela internacional
CFP, concedida no país pelo
Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros, a paciência pode ser
uma grande aliada na compra
de um carro -à vista.
O economista faz uma comparação com o financiamento
de um Ka em 84 parcelas mensais de R$ 468,71, mais entrada
de R$ 1.000. "Se fizermos um
depósito inicial de R$ 1.000 e
aplicarmos R$ 468,71 mensalmente na poupança, um investimento bem conservador, em
40 meses teremos o dinheiro
suficiente para comprar o carro
zero pela tabela de hoje."
Calil vai mais longe: se for
poupado o valor da parcela pelos outros 44 meses, o motorista vai ter guardado R$ 23,7 mil
-e um Ka com menos de quatro anos de uso. "Pense se pode
esperar quatro anos para comprar um carro."
Outro problema são as prestações intermediárias. No financiamento de um Gol 1.0 por
cinco anos, o Banco Volkswagen substitui, todo mês de dezembro, a parcela de R$ 299
por uma intermediária de
R$ 2.181,47.
(CELSO DE CAMPOS JR.)
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