São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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BURACOS

Ainda restritos aos automóveis de luxo, camada extra de borracha e flancos resistentes podem chegar aos "normais"

Tecnologia já permite rodar com pneus furados

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Modelos topo de linha de montadoras como BMW, Renault, Toyota e Nissan já podem rodar até 200 quilômetros com pneus furados, respeitando o limite de 80 km/h. Enquanto isso é exclusividade de poucos, é bom o motorista evitar passar por um buraco.
"As montadoras têm departamentos especiais para projetar os carros antes do lançamento no Brasil. Mesmo assim, a suspensão mais robusta não resiste à pavimentação inadequada", afirma Geraldo Negri Rangel, 60, presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
A tecnologia dos pneus é simples -teoricamente, poderia chegar a todos os modelos. A Bridgestone, por exemplo, usa um reforço de composto especial de borracha aplicado às paredes do pneu. Assim, ele suporta o peso do veículo e as torções da roda. Por enquanto, o único requisito é que o carro tenha sistema de monitoramento de pressão.
A Michelin usa dois sistemas. Com o PAX, o pneu fica apoiado em uma resina e não se deteriora. Já o ZP (de pressão zero) usa flancos super-resistentes. Vale lembrar que o corte em um flanco jamais deve ser reparado, pois os cabos da carcaça se romperam.
Na opinião de Eduardo Lett, consultor técnico da Dana, os importados mais sofisticados podem se beneficiar dos pneus, mas sofrem na suspensão. "Eles usam peças de alumínio, que entortam mais facilmente. As grandes montadoras estão preferindo utilizar ferro fundido ou aço forjado."
Na vida real, se não der para desviar das inúmeras cavidades espalhadas pelo Brasil, o jeito é manter a calma e não afundar o pé no pedal do freio. Ao frear, o condutor estará deixando a suspensão fechada, rígida e sob pressão. Ou seja, ela não se movimenta e não absorve o impacto.

Diagnóstico
Depois da queda, barulho na suspensão e direção puxando indicam algum dano. Por isso é importante procurar uma revenda credenciada e fazer uma revisão nos pneus e no alinhamento. Muitas oficinas fazem o serviço gratuitamente -só cobram se for preciso trocar alguma peça.
Também ajuda se os pneus forem calibrados corretamente. "As chances de corte com uma calibragem baixa aumentam muito", diz Renato Silva, gerente de produto da Michelin. Pressão abaixo de 20% do recomendado faz o risco de rasgos crescer 53% em buracos de 10 cm de profundidade.
Estatísticas do Programa de Redução de Acidentes no Trânsito, do Ministério dos Transportes, mostram que acidentes causados por defeitos na via vêm crescendo. Em 2003, foram 3.387 e causaram a morte de 106 pessoas. No ano anterior, haviam sido 2.657, contra 2.010 de 2001. (JOSÉ AUGUSTO AMORIM E ROSANGELA DE MOURA)

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